Três crimes contra a vida envolvendo crianças foram registrados nos últimos dias em Cascavel. Os casos seguem sob investigação pela Delegacia de Homicídios e duas das acusadas foram presas em flagrante e a outra já foi identificada.
O primeiro registro aconteceu no bairro Brasmadeira, quando um feto totalmente formado foi encontrado por populares dentro da lixeira do Colégio Estadual Cívico-Militar.
Nesta semana o SAMU atendeu um caso em que a Polícia Civil investiga se houve ou não infanticídio. A mãe, presa em flagrante, disse que a criança sofreu uma queda, porém as equipes médicas identificaram diversos ferimentos que não condizem com a queda.
E, dois dias depois, uma haitiana teria passado por um parto dentro do banheiro de casa e, segundo ela, ao ver que a criança estava morta, colocou-a dentro de uma sacola e jogou no quintal da casa.
Os casos reacendem um debate latente e que causam preocupação nas autoridades. O grande número de violência infantil, sejam elas físicas, psicológicas, sexuais, entre outras.
A reportagem do Preto no Branco solicitou ao Município dados referentes a abusos sofridos contra crianças nos três últimos anos. Porém, somente foi repassado números até 2023.
De acordo com o relatório, o tipo de violência com maior número de registros é a negligência com 315, seguido pela violência psicológica com 150 e abusos sexuais com 77
Os números, em todos os casos, no comparativo com o ano anterior (2022) houve um aumento significativo nos registros. No caso da negligência, por exemplo, foi mais que o dobro: 175 registros em 2022.
Consta ainda no relatório outras tipificações como violência doméstica, trabalho infantil, abandono, exploração sexual e discriminação por orientação sexual.
Cabe ressaltar que o total de casos em casa tipificação não equivale ao total de vítimas, uma vez que uma mesma criança pode sofrer mais de um tipo de abuso.
VIOLAÇÕES DE DIREITOS 2020 2021 2022 2023
Negligência 135 181 175 315
Violência Psicológica 63 106 86 150
Abuso Sexual 55 67 51 77
Violência Física 40 55 48 67
Violência Doméstica 14 37 26 32
Trabalho Infantil 10 13 23 21
Abandono 2 5 4 3
Discriminação Por Orientação Sexual 0 2 1 1
Exploração Sexual 0 0 0 2
Fonte: Vigilância Socioassistencial
Solta, com tornozeleira
A mulher suspeita de agredir e matar a própria filha, uma criança de dois anos e sete meses, foi solta na segunda-feira (09) pela Justiça. Ela foi posta em liberdade mediante o uso de tornozeleira eletrônica.
Conforme a polícia, as equipes foram acionadas na noite de sábado (07) pelo SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) até uma casa na Rua Europa, no bairro Periolo. Na casa estava a criança, morta no banheiro.
De acordo com o delegado Fabiano Mozza, da Delegacia de Homicídios, a mãe disse em depoimento que a menina tomava banho quando caiu após ter uma convulsão. “Porém, o que as equipes médicas nos passaram foi que a criança apresentava uma série de ferimentos, incluindo nos pulsos, atrás dos joelhos e até mesmo nas costelas que não eram condizentes a queda”.Mozza disse ainda que dentre os ferimentos da menina, alguns eram anteriores a queda. “O corpo passou por perícia e agora a Polícia Científica vai apurar a causa da morte”.
Na casa em que a menina morreu estava o padrasto, que foi ouvido e disse que somente a mãe da menina estava com ela no banheiro.O pai da criança, que também depôs, relatou que desconfiava que a menina sofria maus-tratos, mas não denunciou o caso. “Vamos também solicitar informações ao Conselho Tutelar e a Secretaria de Saúde para apurar se essa menina passou por atendimento ou se havia qualquer tipo de denúncia feita por vizinhos ou alguém que conhecia a família”, disse o delegado.

Mãe identificada
A Delegacia de Homicídios já identificou a mãe do feto encontrado no dia 15 de maio em uma lixeira ao lado do Colégio Cívico-Militar do bairro Brasmadeira. A criança estava dentro de uma sacola, com algumas peças de roupas.
Segundo a polícia, câmeras de segurança que existem na escola não captaram o momento, porém o setor de investigação da Delegacia de Homicídios já identificou quem seria a genitora. “Nesse caso também aguardamos exames para verificar a causa da morte. Precisamos saber se foi um aborto ou um infanticídio. Se a criança, ao nascer, chegou a respirar ou não”, relatou o delegado Fabiano Mozza.
Jogado pela janela
Outro caso de um possível aborto é investigado pela Polícia Civil. Nesta semana, uma mulher de nacionalidade haitiana deu entrada na UPA com sintomas de gestação. Ela foi encaminhada ao Hospital Universitário do Oeste do Paraná e a Polícia Militar foi acionada.
No quintal da casa onde ela mora, a Polícia Militar encontrou dentro de uma sacola verde, uma criança com nove meses de gestação e cerca de dois quilos. “O delegado de plantão autuou essa mãe por infanticídio (homicídio praticado pela mãe). Porém, estamos aguardando exames da Polícia Científica também para identificar se esse menor respirou. Caso isso não tenha ocorrido, será tipificado como aborto”.A mulher, após receber alta hospitalar, foi à Delegacia, porém passou mal novamente e foi encaminhada ao Hospital Universitário.
Caso em Cafelândia
A Prefeitura de Cafelândia emitiu ontem (12) um comunicado oficial a respeito de outro caso de agressão envolvendo criança. Segundo o que foi repassado à imprensa, trata-se de uma criança de quatro anos que foi encaminhada pelo SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) ao Hospital Universitário.
O caso foi informado ao Conselho Tutelar da cidade e repassado à Polícia Civil, que investiga o crime. Conforme o Município, a criança está segura e sob cuidados especiais no HU.
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