Entrou em vigor nesta quarta-feira (6) a tarifa adicional de 40% aplicada pelos Estados Unidos sobre produtos importados do Brasil. Somada aos 10% anunciados em abril, a sobretaxa eleva para 50% o custo das exportações brasileiras ao mercado norte-americano, colocando o país no topo da lista dos mais taxados. A medida é parte de um pacote polêmico de revisão de tarifas adotado pelos EUA.
Os estados do Sul do Brasil estão entre os mais afetados, apesar da lista de cerca de 700 exceções que preserva itens relevantes da balança comercial, como derivados de celulose e petróleo, suco de laranja, castanha-do-pará, algumas aeronaves e componentes, fertilizantes, produtos energéticos, minério de ferro, metais preciosos e madeira bruta.
O Paraná ocupa a 7ª posição entre os maiores exportadores brasileiros para os EUA. Em 2024, o estado movimentou US$ 1,58 bilhão em exportações para aquele mercado. No entanto, nove dos dez principais produtos exportados pelo Paraná serão afetados pela nova política tarifária.
Ficaram de fora das isenções produtos expressivos da pauta paranaense, como madeiras processadas (de coníferas, compensadas e serradas), portas e caixilhos e peças de carpintaria, que somaram US$ 560 milhões em 2024, representando 35,3% do volume exportado para os EUA. Equipamentos como carregadoras e pás mecânicas (US$ 180 milhões | 11,4%), transformadores dielétricos e condutores elétricos (US$ 113 milhões | 7,1%) também serão taxados.
Outros itens impactados incluem café solúvel (US$ 71 milhões | 4,5%), couros e peles de bovinos (US$ 47 milhões | 2,9%), açúcar de cana (US$ 32 milhões | 2%) e tilápia, da qual o Paraná é o maior produtor e exportador nacional, com US$ 22 milhões em exportações em 2024.
De acordo com o assessor econômico da Fecomércio PR, Lucas Dezordi, a medida exige atenção. “Os EUA são hoje o terceiro maior destino das exportações do Paraná, respondendo por 6,4% do total. Os pequenos e médios exportadores são os mais penalizados com as novas tarifas, tanto do agronegócio, produtos naturais e metalomecânico, visto que os grandes produtores, ofertantes de minérios, aviação e petróleo, conseguiram entrar na lista de exceções”, avalia.
Segundo o economista, a nova tarifa pode inviabilizar o envio de alguns produtos, aumentando a oferta no mercado interno e, consequentemente, reduzindo seus preços em um primeiro momento. “Produtos como café, couro e filé de tilápia podem ter seu preço pressionado no Brasil. Contudo, muitas empresas produzem sob demanda para o mercado norte-americano e não há como redirecionar a produção para o consumo interno, o que torna o cenário desafiador”.
Apesar do impacto negativo, a Fecomércio PR acredita que os efeitos podem ser atenuados com estratégias comerciais e diplomáticas. “A indústria e o agronegócio são os mais expostos neste momento, mas o setor produtivo paranaense tem capacidade de reação, ao buscar outros mercados internacionais para realocar sua produção. Esperamos que o governo brasileiro amplie o diálogo com os Estados Unidos e atue para reverter ou ao menos reduzir essa tarifa excessiva, que prejudica diretamente a competitividade das nossas exportações”, conclui Dezordi.
A Fecomércio PR seguirá monitorando os desdobramentos do tarifaço e seus impactos regionais, mantendo os empresários informados e mobilizados.
