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CEONC e Scolla: Telecirurgia inédita na América Latina conecta Cascavel e Campo Largo

Procedimento histórico é fruto de uma parceria inovadora entre hospitais, especialistas e empresas de tecnologia, com apoio do governo e uso de tecnologia chinesa
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Por: Tissiane Merlak

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CEONC e Scolla: Telecirurgia inédita na América Latina conecta Cascavel e Campo Largo

Procedimento histórico é fruto de uma parceria inovadora entre hospitais, especialistas e empresas de tecnologia, com apoio do governo e uso de tecnologia chinesa

Pela primeira vez na América Latina, uma cirurgia robótica foi realizada à distância, conectando em tempo real especialistas e tecnologia de ponta.

O feito histórico teve o CEONC Hospital do Câncer de Cascavel como ponto de controle do cirurgião e o Centro de Treinamento Cirúrgico Scolla em Campo Largo como o local onde o procedimento foi realizado no animal de experimentação.

O evento envolveu equipes médicas de referência no Brasil, operando com um robô cirúrgico chinês MP1000 da Edge Medical de última geração.

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A experiência teve por objetivo validar a performance do robô e a estabilidade da conexão remota, assegurando precisão nos movimentos e ausência de atrasos perceptíveis.

O projeto envolveu a identificação da tecnologia no exterior, sua adaptação ao cenário brasileiro, seguindo protocolos éticos rigorosos. O resultado foi considerado um sucesso.

Da sala de simulação robótica recém-implantada no CEONC, no Oeste do Paraná, o cirurgião digestivo doutor Paolo Salvalaggio conduziu a remoção da vesícula de um suíno (animal de experimentação) no Centro de Treinamento Cirúrgico Scolla, em Campo Largo, monitorado a quase 500 quilômetros de distância.

Braços robóticos reproduziram com precisão cada movimento realizado por Salvalaggio, sob supervisão do cirurgião doutor Leandro Totti, pioneiro da cirurgia robótica no Brasil.

As duas equipes trabalharam como se estivessem no mesmo hospital, graças à conexão entre Cascavel e Campo Largo, que registrou atraso médio de apenas 10 milissegundos, praticamente instantâneo. Isso garantiu a precisão de escala mundial e a segurança necessárias para uma operação tão delicada.

“A sensação foi idêntica à de uma cirurgia robótica presencial. Isso mostra que a telecirurgia é factível e segura. É uma honra fazer parte deste ato histórico”, afirmou o doutor Salvalaggio.

Além de médicos, equipe técnica, estudantes e profissionais da saúde, a cirurgia também foi acompanhada pelo prefeito de Cascavel, Renato Silva, que ressaltou o impacto do avanço tecnológico.

“Que comece pelo Paraná e se espalhe por toda a América, mostrando o potencial inovador da nossa gente”, disse.

Coordenação em duas frentes

Em Cascavel, a equipe foi monitorada pelo oncologista doutor Luiz Augusto Militão, diretor clínico do CEONC, paralelamente à coordenação, em Campo Largo, do cirurgião doutor Marcelo Loureiro, referência nacional em cirurgia minimamente invasiva e fundador da Scolla.

“É a primeira vez no Brasil que estamos realizando uma telecirurgia entre dois pontos dentro do país. Isso é crucial porque testa a tecnologia e a infraestrutura de conexão dentro do nosso próprio ambiente, um desafio diferente do que havia sido feito até então com conexões internacionais.”

Parceria sólida e inovadora

Resultado de um consórcio público-privado, o projeto reúne, além do CEONC — referência em oncologia no Oeste e Sudoeste do Paraná —, o Centro de Treinamento Cirúrgico Scolla, maior centro de treinamento cirúrgico da América Latina; e a Ortoteck, de Curitiba, importadora brasileira da Edge Medical, fabricante do robô.

O Governo do Paraná, por meio da Seti (Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior), completa a rede de parceiros, garantindo infraestrutura tecnológica e suporte científico que beneficiará diretamente a formação de acadêmicos da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná).

Segundo o oncologista e diretor técnico médico do CEONC, doutor Reno Paulo Kunz — pioneiro na cirurgia oncológica no interior do Estado —, o modelo de treinamento está em fase final e deve capacitar cirurgiões a partir do Paraná para toda a América Latina.

“Médicos, pesquisadores e instituições estão unidos pelo propósito de disseminar conhecimento e tecnologia, visando beneficiar pacientes com tratamentos mais avançados, eficientes e humanizados em todo o País. É um orgulho participar deste movimento”, afirmou.

Alta performance e mercado

Do ponto de vista tecnológico, o teste provou que a infraestrutura de rede e o robô operam com qualidade equivalente aos melhores padrões mundiais, segundo o ex-presidente do Iguassu Valley, Jadson Siqueira.

“O Paraná demonstrou capacidade de executar procedimentos de ponta à distância”, avaliou.

Quanto à expectativa de mercado, a possibilidade de acessar os melhores cirurgiões do mundo, independentemente da localização, é uma demanda real.

Escolha estratégica

A Edge Medical, fabricante chinesa do equipamento, está no mercado desde 2008 e já realizou procedimentos internacionais, como uma cirurgia entre Europa e China.

Segundo Yong Zhou, diretor de vendas para a América Latina, o Brasil foi escolhido estrategicamente para sediar esta primeira telecirurgia latino-americana.

“Os médicos brasileiros são abertos à inovação e o país é estratégico para o avanço da tecnologia médica. Pretendemos continuar investindo para beneficiar pacientes e potencializar o trabalho dos cirurgiões no país”, garantiu.

De acordo com Fábio Masseli, diretor da importadora Ortoteck, foram necessários mais de 12 meses para trazer ao Brasil o equipamento de mais de 1000 mil quilos, em um processo complexo e burocrático.

O registro na Anvisa está em andamento, e a expectativa é que, em até dois meses, o robô possa ser utilizado de forma regular no país.

“Nossa meta é de longo prazo e está focada na educação. Queremos integrar os estudos e treinamentos dos novos profissionais, buscando democratizar a cirurgia robótica no Brasil.”

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