O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) registrou mais um mês de avanço no Paraná, ainda que modesto. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e a Fecomércio PR, o indicador cresceu 0,4% de agosto para setembro, atingindo 90,8 pontos. Esse é o terceiro mês consecutivo de alta, mas o resultado ainda permanece abaixo da zona de satisfação (acima de 100 pontos). Em relação a setembro de 2024, a variação é negativa, com queda de 5,4%.
Praticamente todos os fatores avaliados estão piores do que há um ano. O acesso ao crédito foi o que mais recuou, com retração de 11%, reflexo da manutenção das taxas de juros em patamares elevados. A situação atual do emprego caiu 10,4% na comparação anual, embora permaneça em nível satisfatório, com 109,5 pontos. A perspectiva de consumo teve contenção de 10,2%, enquanto a avaliação sobre o momento para compra de bens duráveis, como eletrodomésticos e eletrônicos, apresentou baixa de 10%.
Outros componentes também mostraram enfraquecimento: o nível de consumo atual recuou 7,5% e a renda atual, 7%. Apesar disso, a renda segue em patamar favorável, marcando 147,8 pontos. O único aspecto com melhora foi a perspectiva profissional, que avançou 23,1% frente a setembro de 2024.
No cenário nacional, o ICF também recuou, mas de forma mais moderada, com queda de 0,9% na variação mensal e de 1,9% na comparação anual.
“Apesar do avanço gradual, porém discreto, registrado nos últimos meses, o consumo das famílias paranaenses permanece abaixo do patamar de satisfação. As dificuldades de acesso ao crédito e a percepção de cautela quanto às compras de bens duráveis refletem os impactos dos juros elevados e da desaceleração econômica. Por outro lado, a melhora nas expectativas profissionais pode indicar espaço para uma retomada mais consistente nos próximos meses, considerando que haja um avanço mais significativo do emprego no futuro próximo”, avalia o coordenador de Desenvolvimento Empresarial da Fecomércio PR, Rodrigo Schmidt.
Diferenças por faixa de renda
Entre as famílias com renda superior a dez salários mínimos, o índice paranaense está em 97,7 pontos, colocando o estado na penúltima posição nacional nessa faixa econômica. Na variação anual, a queda foi de 8,7%, com destaque para reduções em perspectiva de consumo (-25%), acesso ao crédito (-15,5%) e emprego atual (-11,4%). A renda atual também baixou (-8,6%). Ainda assim, a perspectiva profissional avançou 14,5%, e o nível de consumo atual sofreu retração de menor intensidade, de 4%.
Nas famílias com rendimentos até dez salários mínimos, o indicador marca 89,3 pontos em setembro, 0,7% acima de agosto. Porém, frente a setembro de 2024, houve recuo de 4,6%. As quedas mais acentuadas se deram em emprego atual (-10,2%), acesso ao crédito (-9,7%) e momento para duráveis (-9,4%). Ainda assim, a perspectiva profissional apresentou elevação de 25,4%, sinalizando otimismo quanto ao futuro no mercado de trabalho.