O ministro Luís Roberto Barroso anunciou que deixará o Supremo Tribunal Federal (STF) antes de atingir a idade limite para aposentadoria compulsória, encerrando uma trajetória de mais de 12 anos na mais alta Corte do país.
A decisão, que vinha sendo amadurecida desde sua saída da presidência do tribunal, foi comunicada ao presidente Edson Fachin e a ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A aposentadoria estava prevista para 2033, quando completaria 75 anos.
“É hora de seguir novos rumos. Não tenho apego ao poder e gostaria de viver a vida que me resta sem as responsabilidades do cargo. Os sacrifícios e os ônus da nossa profissão acabam se transferindo aos familiares e às pessoas queridas”, declarou o ministro.
Barroso informou que fará um “retiro espiritual” ainda neste mês para definir detalhes da saída, que já movimenta os bastidores do governo e do Judiciário.
Trajetória marcada por decisões de impacto
Indicado ao Supremo em 2013 pela então presidente Dilma Rousseff, Barroso construiu uma carreira marcada pela defesa de pautas constitucionais e direitos fundamentais.
Entre seus casos de maior repercussão estão a suspensão de despejos durante a pandemia, a autorização de transporte gratuito nas eleições de 2023, a limitação do foro privilegiado, a discussão sobre o porte de maconha para uso pessoal e a proteção de povos indígenas e comunidades vulneráveis contra invasões e despejos.
Como presidente do STF, conduziu os julgamentos relacionados à tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro, que levaram à condenação de envolvidos — incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Corrida pela sucessão
A saída de Barroso abre espaço para uma nova indicação ao Supremo. Um dos nomes mais cotados é Jorge Messias, advogado-geral da União e aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também estão no radar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, o presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, e o ministro da Controladoria-Geral da União, Vinícius Carvalho.
A escolha dependerá da estratégia política do Planalto, especialmente com as eleições de 2026 no horizonte.
Formação e legado
Natural de Vassouras (RJ), Barroso é graduado em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), onde é professor titular. Tem mestrado na Yale University, doutorado na Uerj e pós-doutorado na Harvard University.
Ao longo de mais de uma década no STF, consolidou-se como uma das vozes mais influentes da Corte, atuando em temas sociais, ambientais e constitucionais de grande relevância nacional. Sua saída marcará uma importante transição no Judiciário brasileiro.