Numa tarde de domingo, ouvi uma música com os dizeres: “Não existe amor em SP” e eu, seriamente, fiquei pensando nessa frase.
Logo recorri ao Google, onde vi que segundo o IBGE de 2019, São Paulo é composta por quarenta e cinco milhões de habitantes. Já pensou em quantos corações quebrados existem a cada esquina? Pessoas solitárias se esbarram sem perceberem, o que me leva a crer que, a solidão urbana existe, trazendo o encanto de um mundo falso; fátuo.
Após o fim da canção, me questionei: Afinal, existe amor em SP?
Fiquei ali, parada, analisando a letra enquanto inúmeras possibilidades se passavam pela minha mente. Escrevendo agora, me veio a resposta: Existe sim e ele está dentro do coração de cada habitante. A diferença, é que alguns demonstram, já outros, preferem se afogar no próprio mar de sentimentos a ter que dividi-los. A expressão: “A ganância vibra, a vaidade excita” me faz pensar nos valores que assolam a cidade, onde há a frieza e a perda da bondade entre o caos e a beleza do centro urbano. Nessa busca de triunfo e bens materiais, o amor vai perdendo a qualidade nas interações humanas.
Uma semana após um momento político decisivo, onde direita e esquerda divergiram numa disputa acirrada nas eleições municipais, vemos que São Paulo obteve o maior número de abstenções de votos. Votar, entre meio a tantos ausentes, foi um ato de amor – não só pela cidade, como também pelo próximo – um chamado por mais apreço e valorização nos ambientes hostis e desumanizados. Como o próprio Criolo diz na composição: “Não precisa sofrer pra saber o que é melhor pra você” e nesse caso, o voto se transformou na única voz que grita em meio às mazelas, medos e indiferenças.
*Renata da Cruz Teixeira é cronista e fotógrafa.
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