Por Jadir Zimmermann – ADI-PR
Com 40 anos de geração de energia completados no último dia 17 de maio, a Usina de Itaipu começa a entrar numa nova etapa. Focada nas oportunidades apresentadas pela transição energética, a estatal planeja diversificar suas atividades, expandindo sua produção para além da energia hidrelétrica. Este movimento visa desenvolver novos produtos energéticos que representem fontes alternativas de receita para a Itaipu Binacional.
Um dos projetos está localizado em Toledo, cidade do Oeste do Paraná que é o maior produtor de suínos do Brasil. Em outubro do ano passado começou a funcionar no município uma moderna central de bioenergia. A planta é focada em tratar os dejetos de aproximadamente 41 mil suínos, criados por 15 produtores locais. O material é convertido em biogás e, posteriormente, em energia elétrica.
A energia elétrica gerada a partir destas 15 granjas de suínos é capaz de abastecer 1,5 mil residências de médio porte. Além disso, ainda sobra para os agricultores cerca de 330 metros cúbicos de digestato, um biofertilizante que beneficia a comunidade local na melhoria das lavouras.
O projeto é fruto de uma colaboração entre a Itaipu Binacional, que financiou a iniciativa com R$ 19 milhões, o Parque Tecnológico Itaipu (PTI-Brasil) e o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás), encarregado pela implementação e operação da unidade. Outros colaboradores incluem a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), a Associação Regional de Suinocultores do Oeste (Assuinoeste) e a Prefeitura de Toledo.

Visita in loco
Na semana passada, a ADI-PR, representando jornais e portais de notícia de todo o Paraná, participou de uma visita técnica a convite da Itaipu Binacional, junto com vários veículos de Comunicação do país. Além de visitar a usina de Itaipu e o PTI em Foz do Iguaçu, o grupo também fez uma visita técnica a usina de biogás em Toledo.
Em contato com o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, este destacou que a agropecuária é um dos pilares econômicos do Oeste do Paraná e que a produção de biogás a partir de dejetos é uma solução sustentável e economicamente viável. “Transformamos uma possível fonte de poluição em energia e renda”, afirmou.
Rafael González, diretor-presidente do CIBiogás, ressaltou que a instalação está apta a expandir sua produção ao receber um novo gerador. Ele comparou a relevância do projeto para o Paraná à do pré-sal para o litoral brasileiro, destacando a transformação de proteína animal em energia. González também mencionou que o modelo do projeto é inovador e possui grande potencial de ser replicado em outras propriedades, atendendo às necessidades dos produtores e da agroindústria regional.

Biodigestores
A Central de Bioenergia de Toledo (CBT) foi construída em um terreno de 55,3 mil metros quadrados, doados pela Prefeitura, e conta com três biodigestores com capacidade para processar 9,5 mil metros cúbicos de dejetos. Esse volume é suficiente para produzir, na fase inicial, 5 mil metros cúbicos de biogás, que irão movimentar dois geradores, cada um com potência instalada de 335 kW.
Os dejetos de suínos são recolhidos regularmente nas granjas através de um caminhão pipa, que faz o transporte até a usina, onde estão os biodigestores. O recolhimento dos dejetos representa um alívio aos suinocultores, uma vez que, conforme o tamanho da propriedade, a ampliação da atividade fica dificultada pela falta de capacidade de dar destino ao material. A usina veio solucionar este problema e transformá-lo em energia.
A central está ainda estruturada para receber, diariamente, até seis toneladas de carcaças de suínos mortos, que não foram abatidos e são impróprios para o consumo, além de outros tipos de materiais apreendidos por órgãos como a Polícia Federal, a Receita Federal e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Também está prevista no local a produção de energia solar por meio de painéis fotovoltaicos, tornando a unidade uma usina híbrida.
O modelo de negócio desenhado pelo PTI prevê duas fontes de renda para a central: a negociação de créditos de energia elétrica para uma comercializadora do setor, na modalidade de compensação de energia para minigeração distribuída, e venda dos créditos de carbono.

Sobre o CIBiogás
O CIBiogás é uma instituição de Ciência e Tecnologia com Inovação, dedicada ao desenvolvimento do biogás como recurso energético limpo e competitivo, com o objetivo de promover o mercado de energias renováveis.
Surgiu há mais de 10 anos por iniciativa da Itaipu Binacional e do Parque Tecnológico de Itaipu. Até hoje, as instituições são parceiras em diversos projetos relacionados ao biogás e biometano em todo o Brasil e de outros combustíveis avançados, como o hidrogênio a partir de biogás.
Fonte: ADI-PR