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Conferência da Segurança faz raio-X das debilidades no setor em Cascavel

Falta de efetivo, de políticas de apoio e valorização profissional e medida de enfrentamento ao crime organizado foram destaques na pauta
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Conferência da Segurança faz raio-X das debilidades no setor em Cascavel

Falta de efetivo, de políticas de apoio e valorização profissional e medida de enfrentamento ao crime organizado foram destaques na pauta
Planejamento de segurança pensa em Cascavel nos próximos dez anos Crédito: PREFEITURA DE CASCAVEL

Cascavel realizou em setembro a 1ª Conferência de Segurança Pública, um marco inédito na história do município, reunindo autoridades, especialistas e representantes da sociedade civil para debater os desafios e propor soluções para o setor. Um documento detalhado está sendo elaborado para entregar às autoridades, com base nos temas mais debatidos.

Coordenado pelo Conselho Municipal de Segurança Pública (Conseg), presidido por Leonardo Gomes, a Conferência teve como principal objetivo avaliar o cenário atual da segurança em Cascavel e projetar políticas públicas para os próximos dez anos.

Segundo Leonardo Gomes, a conferência representa “um passo importante para aproximar o poder público da comunidade e transformar as demandas em diretrizes práticas de segurança”. Ele destacou que o encontro foi fruto de um trabalho coletivo iniciado há meses, envolvendo instituições de segurança, universidades, organizações sociais e líderes comunitários. “Queremos construir um plano sólido, com metas realistas e medíveis, que garanta mais tranquilidade e proteção para a população”, afirmou.

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As principais dificuldades em Cascavel

Durante o evento foram elencados os principais problemas que afetam a segurança pública local. Entre os temas mais citados estiveram:

  • Falta de efetivo policial e sobrecarga das forças de segurança, que enfrentam dificuldades para atender a todas as demandas, especialmente nas áreas periféricas;
  • Expansão urbana desordenada, que cria regiões mais vulneráveis à criminalidade e dificulta o patrulhamento;
  • Violência doméstica e de gênero, ainda com índices preocupantes e que exigem maior articulação entre as redes de proteção;
  • Trânsito violento, apontado como um dos grandes desafios urbanos da cidade;
  • Uso e tráfico de drogas, considerado o principal fator de desestabilização social e de aumento de crimes patrimoniais;
  • Falta de iluminação pública e de câmeras de monitoramento em alguns bairros, o que amplia a sensação de insegurança;
  • Déficit de políticas preventivas, sobretudo voltadas a jovens em situação de vulnerabilidade.

Leonardo Gomes ressaltou que a conferência teve caráter técnico e participativo dedicados a diferentes eixos temáticos — desde prevenção e inteligência policial até educação, urbanismo e inclusão social. “Segurança pública não é apenas polícia. O nosso desafio é integrar todas essas áreas”, explicou.

Entre as propostas encaminhadas pelos participantes, destacam-se a criação de um plano municipal de segurança pública com metas decenais, o fortalecimento do Conseg, o aumento de investimentos em tecnologia e videomonitoramento, e a implantação de programas permanentes de educação para a paz em sociedade e no trânsito.

A partir da Conferência, está sendo criado um comitê que vai acompanhar a implantação das medidas propostas pelos diferentes agentes da sociedade. A Conferência em si será realizada a cada dois anos para rever as metas e observar o que saiu do papel.

O presidente do Conselho avaliou a conferência como “um divisor de águas” para o planejamento da segurança local. “Cascavel vive um momento decisivo. É uma cidade em expansão, polo econômico regional, e precisa de um sistema de segurança compatível com esse crescimento. Nosso compromisso é pensar a segurança de hoje e de amanhã, com planejamento e responsabilidade”, destacou Leonardo Gomes.

Ficou definido que as propostas serão consolidadas em um documento-base, que servirá de referência para a elaboração do Plano Municipal de Segurança Pública de Cascavel 2025–2035. O material será encaminhado à Prefeitura, à Câmara de Vereadores e aos órgãos estaduais e federais ligados ao setor, além do judiciário.

Falta de efetivo é o principal desafio das forças de segurança em Cascavel

Um dos pontos mais críticos levantados durante a 1ª Conferência de Segurança Pública de Cascavel foi o déficit de efetivo nas forças de segurança, falta de políticas de incentivo e apoio psicológico e de valorização, considerado o maior obstáculo para enfrentar os desafios da criminalidade no município. Segundo Leonardo Gomes, a falta de policiais e agentes suficientes compromete diretamente a capacidade de resposta do Estado diante da violência urbana, do tráfico de drogas e dos crimes patrimoniais.

“Não há como aplicar qualquer plano de segurança sem o número adequado de profissionais”, afirmou Gomes. Ele ressaltou que, sem o reforço de efetivo, problemas como o aumento dos furtos, vandalismo e conflitos no trânsito tendem a se agravar. Além disso, o presidente alertou para a necessidade de melhorar as condições de trabalho e saúde mental dos agentes, garantindo valorização, estrutura e equipamentos adequados. “Efetivo, saúde emocional e valorização andam juntos. Só assim teremos uma segurança pública eficiente e humana”, completou.

A conferência também discutiu o uso de tecnologia e inteligência policial como ferramentas para compensar a carência de pessoal, com propostas de ampliação do videomonitoramento, integração entre forças e modernização da frota operacional. O objetivo é que, com base nessas diretrizes, Cascavel construa um plano estratégico de segurança capaz de fortalecer as instituições e proteger a população com mais eficiência nos próximos dez anos.

Homicídios, furtos e vandalismo: violência cotidiana desafia a segurança

Os crimes violentos e patrimoniais também surgiram como uma das maiores preocupações da população e das autoridades locais. Gomes destacou que o aumento dos homicídios, especialmente na região Norte com uma explosão no início do ano, reflete um cenário de alerta que exige atuação integrada das forças policiais. “Temos observado em algumas regiões o crescimento de crimes ligados ao tráfico de drogas e a conflitos entre facções. É preciso agir de forma preventiva, contínua e coordenada, sem dar espaço para que o crime organizado se reestruture”, afirmou.

Além dos crimes contra a vida, o furto e o vandalismo foram apontados como problemas recorrentes que afetam diretamente o convívio urbano e a sensação de segurança da população. Parques, praças e equipamentos públicos vêm sendo alvos constantes de depredação e roubo de fios, luminárias e estruturas, o que causa prejuízo financeiro e desestimula o uso dos espaços pela comunidade. “A segurança deve estar prevista desde a criação desses locais, com ações permanentes de vigilância e manutenção. Não adianta construir se depois se abandona à mercê da criminalidade”, observou Gomes.

A proposta apresentada na conferência inclui reforço de policiamento, investimento em tecnologia e programas de prevenção, além de parcerias entre o poder público e a comunidade. Para o Conselho, combater os homicídios, furtos e vandalismo passa por um plano de ação contínuo, com foco tanto na repressão qualificada quanto na educação, urbanismo seguro e valorização dos espaços públicos. “Segurança não é só presença policial — é planejamento, integração e compromisso com a vida e com a cidade”, concluiu o presidente. Somente de janeiro até o início desta semana, Cascavel havia registrado 54 mortes violentas, contra 65 registros no ano passado inteiro.

 

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Publicada em 17/10/2025

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