O professor Luiz Broetto, que participou do podcast “De olho no Esporte” é um dos principais técnicos e coordenadores das categorias de base e rendimento no município, atuando diretamente no Centro Nacional de Treinamento de Atletismo (CNTA). A escolinha de atletismo, aberta ao público e sem custo, funciona de segunda a sexta-feira, com treinos das 9h às 11h e das 15h às 16h30. Atualmente, cerca de 20 jovens estão em treinamento, sendo avaliados em diversas provas, desde corridas a lançamentos e saltos. A partir da experimentação, os técnicos descobrem os talentos e direcionam os atletas para as modalidades nas quais apresentam melhor desempenho.
Para Broetto, o atletismo é mais do que uma modalidade: é a base para qualquer outro esporte. “A velocidade, o preparo físico, a coordenação… tudo isso está no atletismo. Ele serve como alicerce para o futebol, vôlei, basquete e outras modalidades”, afirma. Mesmo assim, segundo ele, encontrar jovens interessados em praticá-lo não é uma tarefa fácil, especialmente diante da concorrência das redes sociais.
Garimpando talentos
O processo de formação exige tempo, paciência e estrutura. Muitas vezes, os talentos surgem em competições escolares ou festivais regionais. “Os professores das escolas observam quem se destaca e nos encaminham. A gente vai lapidando esses jovens”, explica Broetto.
Foi assim que surgiram nomes como Larissa Schon, campeã sul-americana, mundial no revezamento e grande promessa olímpica brasileira, e Edelson Avila, guia paralímpico medalhista de ouro.
Transporte: o obstáculo fora das pistas
A estrutura do atletismo em Cascavel cresceu nos últimos anos. O trabalho já rendeu títulos estaduais e coloca promessas em destaque nacional, mas enfrenta um desafio fora das pistas: a dificuldade que muitos jovens têm para chegar até o local dos treinos. Boa parte dos atletas da base mora em bairros distantes do CNTA, que fica na região da FAG. Sem passe livre ou auxílio transporte, muitos acabam abandonando os treinos por não conseguir arcar com as passagens. “Temos meninos e meninas com grande potencial, mas que moram longe e não têm condições de vir todos os dias. Isso compromete o rendimento e até a permanência deles no esporte”, relata Broetto.
A inclusão social e o fortalecimento da base são pilares do projeto, que visa não apenas o alto rendimento, mas também a formação cidadã. “O passe livre seria um avanço enorme para mantermos esses meninos no esporte. Já temos estrutura, temos profissionais, temos talentos. Falta apenas garantir que eles consigam chegar”, concluiu. Em um momento em que muitos jovens se afastam do esporte por falta de acesso, o projeto mostra que, com incentivo e condições básicas, é possível formar atletas e cidadãos.