Segunda-feira, 21 de julho de 2025, 16h. O auditório do Paço Municipal vibrava como raramente se vê, completamente lotado. Era a posse de Henrique Mecabô, vice-prefeito, como prefeito de Cascavel. Vereadores, quase todos, abriram mão do recesso para assistir de perto o momento histórico. Servidores municipais ajudaram a lotar o auditório. Secretariado, família, amigos, e toda a comunidade cascavelense celebraram, com suas presenças, a renovação política oportunizada por Renato Silva.

Este momento tem um destaque especial, já de início, com o gesto de desprendimento do prefeito Renato. Antes de completar oito meses de gestão, o experiente político, de 73 anos, optou (aproveitando uma breve ausência de Cascavel) por oportunizar a Cascavel ser chefiada por um jovem que traz um histórico de preparo técnico e de envolvimento político por propósito. Um período curto, mas que tem se mostrado de trabalho muito intenso, continuando o já importante serviço de Mecabô como vice-prefeito.

“Minha missão é ser os olhos de cuidado do prefeito Renato Silva com Cascavel, cidade onde nasci e cresci”, cravou Mecabô no seu breve discurso. Mesmo de blazer e de camisa, manteve suas características meias estampadas e o par de tênis Vans.

O próprio Renato, quando presidente da Câmara, e até o antecessor Paranhos, quando vice de Edgar, haviam sentado na cadeira mais cobiçada da cidade ainda jovens. Essa segunda-feira, entretanto, foi marcante: Pedro Muffato, em 1973, assumiu a prefeitura aos 33 anos. Mecabô, jovem e preparada revelação política da cidade, quebrava o recorde de longe: apenas 29 anos de um cascavelense nato. Não à toa, em meio à tanta representação da sociedade civil, estavam ali jovens: ACIC Jovem, JCI (Câmara Junior), entre outros.

As redes sociais que Mecabô tanto usa pra se comunicar, jovem que é, têm refletido a intensidade desse período. Ao longo desses três dias úteis completos como prefeito em exercício que já acompanhamos, Mecabô monitorou obras na cidade e no interior, recebeu entidades, deputados, secretários e vereadores, interagiu com a sociedade, visitou todo canto (inclusive com almoço com a população no restaurante popular do Cascavel Velho) e até sancionou lei. De marco maior, fica o lançamento do estudo sobre o local para um novo núcleo industrial ontem. Em entrevista, ouvimos mais sobre as experiências do jovem como prefeito de uma das cinco maiores cidades do Paraná.

Preto no Branco: O que representa para você, pessoalmente e politicamente, assumir interinamente a Prefeitura de Cascavel aos 29 anos?
Henrique Mecabô: Essa oportunidade, marca histórica e tremenda responsabilidade é, para mim, uma grande confirmação. Confirmação, primeiro, de que acertei ao me preparar para entrar na política com a bandeira da renovação e da capacitação técnica. Abri mão de uma vida mais cômoda no exterior e até de privilégios que teria por aqui mesmo, pra fazer política na cidade onde nasci e cresci, depois de anos de sucesso empreendendo, estudando e me preparando fora do país. Cada vez mais, sinto que, se sou “maluco”, como minha família acreditou no início dessa caminhada, não sou maluco sozinho: o eleitor cascavelense cada vez mais busca gente nova e preparada para voltar a ter esperança na política. Além disso, esses dias confirmaram pra mim que Cascavel é, de fato, terra de oportunidades, e que aqui o jovem pode ser o que quiser: até prefeito!

Preto no Branco: Você interagiu com várias pastas e temas nestes dias? Conseguiu rodar a cidade ou ficou no gabinete?
Mecabô: Todos os dias até aqui saímos do gabinete depois das dez e meia da noite. Foram muitas horas de trabalho e muitos quilômetros rodados. Interação com diversas secretarias. Intensidade no nível da responsabilidade de ser os olhos de cuidado do Renato nestes dias. Recebi, sim, vereadores, deputados, sociedade civil e servidores, meus colegas de trabalho, no gabinete. Mas a maior proporção de tempo investido foi fora da prefeitura. Milhões em obras por todo o nosso interior e no centro da cidade monitorados de perto. Inclusive, falando em investimentos, tive a oportunidade de ter atendida, pelo deputado Batatinha, a solicitação à SEDEF de um novo CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil) de 1.500 metros quadrados para Cascavel. Os dias têm sido longos – nas agendas até aqui, já interagi diretamente com ações da SEAGRI, SESOP, SEMDEC, SEMEL, SESPPRO, SESD, SEFIN, IPC, FMEC, PGM, FUNDETEC…

Preto no Branco: E quais foram as principais prioridades nestes dias à frente da Prefeitura?
Mecabô: Cascavel precisa continuar dando oportunidade e espaço de crescimento para quem há tantos anos confia na cidade e investe aqui. Precisamos reter nosso empresariado. Num país onde a informalidade e a dependência de auxílios federais passa a imperar já em 12 estados, precisamos nos manter exceção. Minha principal agenda foi ontem: tivemos a primeira reunião, capitaneada por mim e pela SEMDEC, com foco em estudar a possibilidade de uma área onde o município possa induzir ou executar diretamente um novo parque industrial. Visitamos, inclusive, uma das áreas possíveis pra isso. Precisamos seguir atraindo investimentos e mantendo quem já gera empregos aqui, combatendo a canibalização das nossas empresas por outras cidades. Agora, vamos repassar todas as informações ao prefeito Renato Silva para os próximos encaminhamentos sobre esta importante ação.

Preto no Branco: Você também teve a oportunidade de sancionar um Projeto de Lei, o primeiro de autoria de um vereador do NOVO, que é o seu partido…
Mecabô: Verdade, este foi um momento marcante. Esta Lei é focada no cuidado com a primeira infância, uma pauta prioritária pra mim desde o meu mestrado focado em Economia da Educação. O vereador Rondinelle Batista, do meu partido, o NOVO, foi autor desta lei pioneira no Brasil, amparada pela Pastoral da Criança. Com esta legislação, Cascavel oportuniza mais um instrumento de cuidado com as crianças. Fiquei muito feliz por, há tantos anos ajudando a estruturar o NOVO aqui no Oeste, ter tido a honra de sancionar esta primeira lei com a marca do partido.

Preto no Branco: Falamos de realizações. Do outro lado da moeda: o que menos queria que acontecesse nesse curto período como prefeito?
Mecabô: Uma ligação do Nei Haveroth, da Defesa Civil, de madrugada (risos). O que eu menos queria que acontecesse nesse período é o que eu menos quero todos os dias: que algo de mal aconteça para a nossa cidade. Mas visitando a cidade toda nesses dias, reforcei minha certeza de que Cascavel é abençoada e protegida por Deus.

Preto no Branco: O seu partido, o Novo, temporariamente teve dois prefeitos no Paraná: o prefeito da vizinha Cafelândia também é do partido. A legenda é marcada por uma postura crítica ao “sistema político tradicional”. Como manter esse discurso estando dentro da estrutura administrativa de um município?
Mecabô: Renovar a política em práticas e princípios difere de ser contra a política. E é justamente com mandato, dentro da estrutura administrativa de um município, que é possível promover as transformações necessárias. Caso contrário, ficamos apenas no discurso, num distanciamento da realidade e das condições de servir a população de fato. A política é ferramenta, é instrumento, mesmo com os desafios impostos pelas estruturas já existentes. Tendo preparo, princípios e valores é possível construir legados de mudança e renovação, mesmo em contextos já estabelecidos.

Preto no Branco: O prefeito Renato Silva destacou que sua gestão interina é uma preparação para novas lideranças. Você se considera preparado para um voo maior na política cascavelense?
Mecabô: Minha preparação é constante para os desafios atuais, mas também para poder ter condições de servir a população em níveis maiores. Entendo que este precisaria ser o processo de todo político que deseja servir por meio da política, e não ser servido por ela. É preciso saber estar pronto para os desafios e ouvir os chamados que surgem da própria sociedade. Tenho sido motivado a construir voos maiores com foco em Cascavel e no Oeste. Isso aumenta ainda mais a responsabilidade de cada passo que estamos dando e me faz seguir focado em ser ferramenta, aqui, agora, e no futuro em Brasília, em Curitiba, ou de maneira definitiva na cadeira de Prefeito de Cascavel, sempre como funcionário das pessoas.

Preto no Branco: Você teve uma votação expressiva para deputado federal em 2022, principalmente em Cascavel e depois foi eleito vice-prefeito em 2024. Como tem trabalhado para manter vivo esse capital político?
Mecabô: Atenção, carinho e muito trabalho. Entendo que o principal é a consciência de que sou funcionário das pessoas e a minha entrega total às minhas atribuições e muito além delas. Mas além da competência técnica, dos resultados efetivos de gestão, o olhar humano certamente faz a diferença, porque reflete o propósito autêntico que trago dentro de mim.

Preto no Branco: Falando em 2022, seu nome é constantemente lembrado para disputar as eleições de 2026. Há planos nesse sentido ou é cedo para falar nisso?
Mecabô: Cascavel e o Oeste merecem mais representação em Brasília. Já tivemos cinco deputados federais, hoje temos apenas um com domicílio eleitoral aqui. Temos um vácuo de representação que enfraquece todo o Oeste. Há também um sentimento cada vez maior de que as eleições de 2026 são estratégicas para interromper um estado de coisas em Brasília, contrapondo o atual governo federal e o Supremo. Em ambos os contextos, a sociedade tem enxergado em mim condições e viabilidade. É uma construção e entendo que é preciso considerar de forma muito responsável a possibilidade de uma disputa no ano que vem, por Cascavel e pelo Oeste.

Preto no Branco: Finalizando o período como prefeito interino, descanso como vice?
Mecabô: Pelo contrário! Nada de descanso. Sou um vice atuante, sem deixar de saber meu lugar e meu papel dentro da administração. Tenho contribuído sempre que acionado pelo prefeito Renato, especialmente na área de desenvolvimento econômico, e dado suporte nos temas que são compartilhados comigo. O trabalho tem sido árduo! Vamos seguir nessa toada, de muito serviço por Cascavel, com a liderança do prefeito Renato e com todo o nosso time de secretários e servidores.