.

Jornal impresso: o futuro (das minhas filhas) na notícia

Depois de mais de dez anos lendo versões digitais de jornais diários, voltei a assinar a versão impressa. Fiz isso por causa das minhas filhas,

Jornal impresso: o futuro (das minhas filhas) na notícia

Depois de mais de dez anos lendo versões digitais de jornais diários, voltei a assinar a versão impressa. Fiz isso por causa das minhas filhas, que nem totalmente alfabetizadas estão, e estou encantada com o resultado.

Por Maria Prata*

Depois de mais de dez anos lendo versões digitais de jornais diários, voltei a assinar a versão impressa. Fiz isso por causa das minhas filhas, que nem totalmente alfabetizadas estão, e estou encantada com o resultado.

Quando eu era criança, mesmo ainda sem saber ler, as notícias invariavelmente chegavam até mim. Tinha sempre uma TV ligada em algum lugar (em casa, na padaria, num consultório), passando algum telejornal. E mesmo quando eu estava na frente da tela, assistindo a desenhos animados, nos intervalos eventualmente entrava o famoso “Plantão do Jornal Nacional informa?” (lembra?), com alguma informação extraordinária, ou mesmo as chamadas do próximo telejornal, com as notícias da hora ou do dia. Além disso, meus pais assinavam jornais impressos e comentavam as manchetes no café da manhã. Apesar da pouca idade, dessa forma, eu ia me familiarizando com as notícias e a importância que elas tinham no nosso cotidiano.

🚨 Receba as notícias em primeira mão!
Entre no nosso grupo no WhatsApp ou canal no Telegram!

Mas e hoje? Bom, hoje lemos as notícias pelo celular, em silêncio. A TV de casa, quando ligada, é para minhas filhas assistirem a desenhos animados ou filmes que chegam pelo streaming, sem intervalo comercial nem contato nenhum com “o mundo lá fora”. Então me dei conta de que esse era mais um dos cercadinhos em que elas estavam crescendo. E, sem saber muito no que ia dar, resolvi voltar a assinar a versão impressa dos jornais.

O resultado? 100% de aproveitamento

Toda manhã, enquanto eu leio as notícias, elas vão me perguntando sobre o que se tratam as fotos, o que está escrito aqui, por que viram tal letra ali, leram tal palavra por lá. E assim eu pude, nas últimas semanas, conversar com elas sobre inúmeras notícias. Quem era Preta Gil, por exemplo. O papo começou na curiosíssima pergunta, a partir do inesquecível retrato feito por Vania Toledo para a capa do disco Prêt-à-porter e que foi reproduzido no jornal no dia seguinte da morte de Preta: “Mas por que alguém quer tirar foto pelada?!”.

Que excelente oportunidade de explicar o nu nas artes, a coragem da Preta naquela época e tudo o que ela representou para mulheres de corpos gordos. Teve também o tarifaço de Trump, que aparece dia sim, dia também, na capa. Aqui, a pergunta “mas, se ninguém gosta dele, por que ele é presidente!?” desembocou num bem‑vindo reforço daquele frequente papo sobre a importância da democracia para o mundo e, tão importante quanto, para nossa casa, mesmo.

Mas quem lê tanta notícia?

Eu e meu novo‑velho jornal impresso somos uma crescente minoria no mundo. Apenas 11% da população brasileira se informa pela mídia impressa, segundo relatório de Mídia Digital da Reuters de 2024. Aqui, vale um parêntese animador, apesar da baixa porcentagem: em 2024, vimos o revival das revistas impressas. Títulos gringos como Nylon, Sports Illustrated e Vice retornaram ao papel. Aqui no Brasil, minha querida Capricho (quanta coisa aprendi com ela!) também.

Mas voltando ao estudo da Reuters: o brasileiro não anda muito interessado em notícias. Cerca de 47% da população evita consumi-las, 6% a mais do que em 2023.

Entre a população que acompanha notícias, 50% faz por meio da televisão, que já foi ultrapassada pelas redes sociais: por lá, a porcentagem chega a 51% (alô, fake news?). WhatsApp e YouTube são as plataformas preferidas (38%), seguidos por Instagram (36%), Facebook (29%), TikTok (14%) e Twitter (9%). E a gente sabe muito bem do perigo das bolhas digitais provocadas pelas redes sociais.

O sucesso das redes também tem a ver com o fato de o brasileiro não estar muito interessado em pagar por notícia. Cerca de 82% dos consumidores de notícias não desembolsam nada pelos conteúdos. Piada pronta: a notícia perdeu o valor.

Não aqui em casa. Nas últimas semanas, elas [as filhas] ganharam status de parte importante do dia. Recomendo.

* Maria Prata é jornalista e consultora de conteúdo de moda, empreendedorismo e inovação. Em 2024, ficou sócia da agência criativa Out Of Office. Na Globo News, apresentou e foi editora-executiva do programa Mundo S/A. Foi editora de moda da revista Vogue, editora-chefe do canal Fashion TV, diretora de redação da revista Harper`s Bazaar.

 

*Os comentários são de responsabilidade exclusiva dos leitores e não representam a opinião do site.
Reservamo-nos o direito de aprovar ou remover comentários que considerarmos inadequados ou que violem nossas diretrizes.

Podcast

Podcast

Edição impressa

Edição 284
Última edição

Edição de 25/07/2025

Publicada em 25/07/2025

Edição impressa

Edição 284
Última edição

Edição de 25/07/2025

Publicada em 25/07/2025

Usamos cookies e tecnologias para melhorar sua experiência, personalizar anúncios e recomendar conteúdos.
Ao continuar, você concorda com isso. Veja nosso novo Aviso de Privacidade em nosso Portal da Privacidade.