“Paranhos, você é corrupto?”
A pergunta foi feita pela jornalista Rejane Martins Pires, em entrevista com o prefeito Leonaldo Paranhos publicada na revista Aldeia em maio de 2019. Na ocasião, o prefeito, ainda no seu primeiro mandato, respondeu: “Eu sou um homem temente a Deus. Eu acredito num plano maior. Eu fui boia-fria fria, fui criado sem pai. Acho que o que Deus me proporcionou é muito. Tenho uma boa casa pra morar, um carro, uma família. Tenho três filhos que serão aquilo que eu sou. Se eu quero que meu filho seja um homem reto, eu preciso ser um homem reto. Se eu quero que minha filha seja uma mulher decente, que valorize as coisas, eu preciso ser assim. Eu não preciso educar com palavras, eu preciso educar com postura.”
Agora, diante das graves acusações feitas pelo deputado federal Evandro Roman no final de semana passado, somos nós, do Preto no Branco e de toda a sociedade de Cascavel que refazemos a pergunta: “Paranhos, afinal, você é corrupto ou não é?”
Até o momento, o prefeito Leonaldo Paranhos não se pronunciou oficialmente sobre as denúncias feitas por Evandro Roman, que lançaram dúvidas sobre sua gestão e seu patrimônio. Fez apenas uma “live” nas suas redes sociais na segunda-feira (16), dizendo que é desespero dos adversários e que irá responder mostrando as obras que realizou durante o seu governo.
Se por um lado Paranhos já demonstrou sua fé e princípios em entrevistas passadas, por outro, as evidências apresentadas por Roman precisam ser confrontadas. Será que a postura que ele tanto defendeu em 2019, de ser um exemplo para seus filhos e para a comunidade, será mantida diante dessa crise?
O silêncio do prefeito vem gerando ainda mais questionamentos entre a população, a sociedade organizada e, principalmente, no meio político de Cascavel. As acusações de enriquecimento ilícito e irregularidades na administração municipal se espalharam pelas redes sociais, alimentando debates e especulações. E Evandro Roman não deixa o assunto esfriar. Todo dia larga um vídeo novo, em tom provocativo diante da inércia do prefeito.
O Preto no Branco encaminhou algumas questões à Secretaria de Comunicação da Prefeitura (Secom) e diretamente no WhasApp do prefeito. Perguntamos o seguinte:
1. Diante das acusações de corrupção e enriquecimento ilícito levantados contra o prefeito, qual é a posição oficial da gestão? Há algum esforço para esclarecer publicamente essas questões?
2. Quais exceções a administração tomou ou planeja tomar para investigar e lidar com as acusações?
3. Existem ações concretas para garantir que casos de corrupção sejam investigados e punidos internamente?
Infelizmente, até o fechamento desta edição, nem a Secom e nem o prefeito responderam aos questionamentos encaminhados, persistindo o silêncio sobre as denúncias.
A equipe do Preto no Branco tentou obter respostas dos candidatos a prefeito de Cascavel sobre as acusações graves feitas por Evandro Roman contra o prefeito Leonaldo Paranhos. Foram enviadas perguntas claras, abordando a repercussão das denúncias e suas consequências para a imagem da cidade e a administração pública. No entanto, o silêncio predominou.
Encaminhamos as seguintes questões:
Como o senhor recebeu as acusações feitas por Evandro Roman e quais reflexões surgiram a partir delas?
As denúncias de corrupção afetam a imagem de Cascavel. Qual o impacto que o senhor enxerga e, caso eleito, o que fará para restaurar a confiança da população na administração pública?
Quais ações concretas o senhor considera essenciais para reconstruir a credibilidade da prefeitura?
Estranhamente, com exceção da Professora Liliam (PT), os candidatos Renato Silva (PL), Edgar Bueno (PSDB) e Márcio Pacheco (PP) optaram por não se manifestar. A falta de respostas, especialmente a poucas semanas das eleições, levanta preocupações sobre o compromisso com a transparência em um momento tão delicado que vive a política cascavelense.
Em contrapartida, a Professora Liliam se posicionou de forma clara e enfática. Ela afirmou:
"Recebemos com indignação as denúncias apresentadas por Evandro Roman, que, embora graves, infelizmente não são surpreendentes. O prefeito Leonaldo Paranhos precisa se pronunciar imediatamente, pois a população de Cascavel merece respostas concretas."
Ela também defendeu que o ex-deputado Roman apresente os documentos que alega possuir, para que as acusações possam ser investigadas de forma séria e imparcial. "O interesse público está em jogo," afirmou.
A candidata também criticou o papel da Câmara de Vereadores e dos órgãos de controle, ressaltando a negligência no processo de fiscalização. "Como vereadora, sempre atuei com rigor na fiscalização, mas, infelizmente, muitas das nossas denúncias foram ignoradas por órgãos que deveriam ser responsáveis por garantir a transparência. A Câmara de Vereadores tem falhado em seu papel, o que considero inaceitável", reclamou
Além das acusações de corrupção, Liliam destacou a falta de transparência como um dos maiores obstáculos à investigação de irregularidades, o que agrava ainda mais a crise na gestão pública municipal.
Apesar da gravidade das acusações feitas pelo ex-deputado federal Evandro Roman contra o prefeito Leonaldo Paranhos, nenhum dos 21 vereadores da Câmara de Cascavel tocou no assunto nas sessões desta semana. Nem para defender o prefeito, muito menos para questioná-lo.
Por conta disso, a equipe do Preto no Branco tentou obter respostas não apenas dos candidatos à prefeitura, mas também de autoridades de grande relevância para o controle e fiscalização das ações públicas: o presidente da Câmara Municipal de Cascavel, vereador Alécio Espínola, e o presidente da OAB - Subseção de Cascavel, advogado Alex Gallio. Contudo, assim como muitos candidatos, ambos permaneceram em silêncio, ignorando a gravidade do momento.
Perguntamos ao presidente da Câmara, vereador Alécio Espínola, sobre o papel do Legislativo diante das denúncias. As questões se centravam em três pontos essenciais: a postura da Câmara diante dos fatos, a possibilidade de ação investigativa e a avaliação da atuação da casa legislativa em relação à transparência na administração municipal nos últimos anos.
O silêncio do presidente Alécio em resposta a esses questionamentos levanta preocupações sobre a capacidade do Legislativo local em atuar como um órgão independente de fiscalização. Com uma eleição municipal à vista, a inércia da Câmara não apenas coloca em xeque a credibilidade da instituição, mas também sua eficácia na defesa dos interesses da população de Cascavel.
Além da Câmara, a OAB — entidade com papel central na defesa do Estado de Direito e da ética — também foi procurada. O presidente da OAB - Subseção de Cascavel, Alex Gallio, recebeu perguntas sobre o papel da instituição na condução de investigações e na promoção da transparência.
Infelizmente os questionamentos também ficaram sem resposta.
Patrimônio
Roman disse que o patrimônio de Paranhos e família cresceu 3.636% nos últimos anos. Revelou que, em sua primeira eleição, Paranhos declarou ter um patrimônio de R$ 414 mil, que, em 2020, havia saltado para R$ 1,7 milhão e, mais recentemente, Roman afirma que esse valor chegou a R$ 17 milhões.
Viagem a Dubai
O ex-deputado trouxe à tona suspeitas sobre uma viagem de Paranhos a Dubai, cujas despesas o prefeito sempre indicava que teriam sido custeadas por ele mesmo. Roman disse que os custos da viagem saíram dos cofres da Fundetec (Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
IPMC
Roman afirmou que um ex-diretor do IPMC (Instituto de Previdência dos Servidores do Município de Cascavel) deixou o cargo após um desentendimento com o prefeito sobre a gestão de aplicações financeiras que somam mais de R$ 700 milhões. “Metade desse montante deve ser, obrigatoriamente, aplicado no Banco do Brasil ou na Caixa. Onde estão os outros 350 milhões?”, questionou.
Propina
Outra grave denúncia feita por Roman aponta que o prefeito Leonaldo Paranhos receberia todo mês R$ 100 mil de empresa que realiza o transporte escolar no município. Ele diz ter provas do repasse regular direto ao prefeito.
Terrenos
Evandro Roman afirmou que está reunindo documentos para comprovar que 70 terrenos do loteamento Bella Casa & Okada foram repassados para o prefeito Paranhos em troca de benefícios.
Ônibus
Segundo apontou Roman, a compra dos ônibus adquiridos pela Prefeitura não cumpriu o que determinava o edital da licitação. Ele diz que tem documentos que atestam isso.
Lombadas
Sem entrar em muitos detalhes, o ex-deputado disse ter os contratos das empresas de lombadas eletrônicas com irregularidades que, segundo ele, serão provadas judicialmente.
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