Na manhã do último domingo, a Embaixada Solidária recebeu com tristeza a notícia de mais um óbito fetal de uma criança gerada por migrante haitiana. A pouco mais de um ano, o mesmo luto foi vivenciado pela entidade diante da morte de outra haitiana ocorrida doze dias após dar à luz a sua segunda filha.
A gestação seguia dentro da normalidade e alcançou 40 semanas e 4 dias. No entanto, na noite de sábado, ao sentir os sinais de trabalho de parto P. J. foi levada ao Hospital Bom Jesus e liberada em seguida, na manhã seguinte, quando retornou ao serviço de saúde já era tarde e a criança em seu ventre estava sem vida.
As situações de óbito materno-infantil em decorrência de gestações de migrantes, refugiadas e apátridas vem sendo apontada como uma preocupação constante pela Embaixada Solidária que desde 2021 registrou a morte de duas mulheres e cinco crianças entre o público atendido pela instituição. Além disso, outras migrantes adquiriram complicações de saúde devido a problemas relacionados ao parto e puerpério.
Os dados do IPARDES mostram que em 2023 em Toledo a taxa de mortalidade infantil foi de 8,81 para cada mil nascimentos. Já segundo o DATASUS, no mesmo ano 4 mulheres morreram em decorrência de complicações da gravidez ou do parto.
Segundo Edna Nunes, presidente da OSC, não é possível afirmar se as mortes são decorrentes de fragilidades de saúde pré-existentes, ausência de pré-natal adequado ou violência obstétrica durante os partos, o fato é que vidas se findam e resta mais uma dor para o processo migratório.
Pensando em ofertar suporte, acompanhamento e acesso a direitos de mulheres e crianças a Embaixada Solidária tem entre suas principais ações o Projeto Evena, nomeado em homenagem a uma migrante haitiana morta em 2021 durante o parto, tem como principal função proteger e garantir acesso aos direitos humanos de gestantes, parturientes e seus filhos.
A coordenadora do Projeto, Laudiceia Correia, conta que “cada mulher atendida recebe o auxílio durante o pré-natal, com acompanhamento em consultas, traduções e até mesmo o apoio na hora do parto para aquelas que não têm família ou rede de apoio. Além disso, as voluntárias organizam kits maternidade e auxiliam com a alimentação e os cuidados durante os primeiros dias do puerpério. Essa é a nossa forma de proteger e dar amor”.