Por Juliet Manfrin - Cascavel
Alvo de críticas constantes da comunidade internacional, sem base real, com relação às medidas ambientais adotadas pelo agronegócio brasileiro, o Show Rural 2025 está focado também em tratar da sustentabilidade do setor que produz alimentos hoje para um bilhão de pessoas no mundo, preservando a natureza e exportando para cerca de 200 países.
Para intensificar processos de desmistificação sobre um agro que, supostamente estaria agredindo o meio ambiente para produzir cada vez mais e de forma menos sustentável e com o mito da derrubada de florestas, de cima do mirante do Parque Tecnológico há uma imensa bandeira brasileira devidamente identificada entre, áreas protegidas, áreas urbanas e espaços utilizados pela agricultura.
“De todo o nosso território nacional que é imenso, apenas 9% é utilizado pelo agro. Ou seja, temos imensas área protegidas [cerca de 70%] que não condizem, em nada, com críticas da comunidade internacional de que produzimos sem sustentabilidade e derrubando florestas. A alegação de que agredimos o meio ambiente é uma mentira que precisa ser esclarecida para o mundo”, alerta o coordenador do Show Rural, Rogério Rizzardi.
Não por acaso, em torno de 30% dos 600 expositores estão focados ou trazem em alguma de suas ações, políticas voltadas à sustentabilidade e preservação. Nessa gama também estão os que tratam de insumos e biofertilizantes para reduzir a utilização de insumos nitrogenados.
“A gente nunca vai deixar de depender dos nitrogenados, mas está diminuindo. Por outro lado, está crescendo muito o mercado dos bioinsumos, as pesquisas e a adequação destes produtos nas propriedades têm sido um sucesso e o produtor vem sendo convencido disso”, segue Rizzardi.
Para o diretor-presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, o desafio está em o Brasil comunicar bem e melhor à comunidade internacional sobre a sustentabilidade da produção brasileira. “O mundo precisa saber o que estamos fazendo aqui. Há alguns anos fui a um evento na Europa onde se falou de muitas coisas que não são verdadeiras sobre o agro brasileiro. Precisamos falar ao mundo que adotamos medidas de sustentabilidade que superam, de longe e em muitas vezes, as adotadas pelos países europeus. Nós preservamos e protegemos”.
No início do ano uma frente da agricultura e autoridades francesas protestaram contra o acordo comercial que vinha sendo firmado entre o Mercosul e a União Europeia. Entre os argumentos estavam as supostas condições de degradação da produção no Brasil. “O produtor destina de 20% a 80% de sua propriedade, dependendo da região do Brasil onde vive, para preservação ambiental, além de dezenas de outras medidas que reduzem impactos. Os argumentos não são verdadeiros e isso precisa ser defendido lá fora”, completa Grolli.
Além das empresas privadas, como grandes conglomerados multinacionais que trazem opções de biofertilizantes para aplicabilidade de soja e milho, a Embrapa está focada em trazer mais uma vez aos produtores opções, possibilidades, resultados técnicos e financeiros sobre sequestro de carbono, biofertilizantes e a utilização de bioinssumos nas grandes lavouras comerciais.
A Embrapa Soja volta à feira para falar das vantagens da inoculação com microrganismos. No milho, por exemplo, a inoculação com a bactéria Azospirillum brasilense pode reduzir em um quarto a necessidade de adubação nitrogenada, sem comprometer a produtividade. Ensaios conduzidos pela Embrapa Soja indicam que a inoculação com 75% da adubação nitrogenada gera os mesmos resultados de rendimento que 100% da adubação convencional.
Para as pastagens de braquiária, a inoculação com Azospirillum brasilense e Pseudomonas fluorescens pode aumentar em média 22% a produção de biomassa e melhorar a absorção de nutrientes, como nitrogênio, fósforo e potássio. Essas bactérias promovem o crescimento das raízes e a fixação biológica de nitrogênio. O uso desses microrganismos pode ser aplicado tanto em pastagens em estabelecimento quanto em pastagens já formadas, contribuindo para a recuperação e maior eficiência no uso de fertilizantes.
Cerca de 70% das pastagens no Brasil estão degradadas, e o uso de microrganismos pode ser uma alternativa para melhorar a produção e reduzir a dependência de fertilizantes importados.
A tecnologia também está a serviço da produção sustentável e caminha cada vez mais rápido para isso. O coordenador do Show Rural Tecnológico, José Rodrigues Costa Neto, afirma que nesta edição há o maior número de empresas de tecnologia da história do evento. Muitas abordam sistemas assertivos de produção que vão desde um drone que mapeia o ponto exato para aplicação de um fungicida na soja, até mecanismos tecnológicos que reduzam impactos no solo e ar.
“A tecnologia está a serviço de uma produção sustentável. O que o Brasil já tem feito tão bem vem sendo aprimorado e o produtor está cada vez mais atento a isso, está adepto”, reforça.
O agricultor Sandro Almeida veio do Sudoeste do Paraná porque quer levar mais tecnologia ao campo. Ele é a quinta geração de produtores rurais, estudou engenharia Agrícola e voltou para o sítio para colocar em prática o que tem aprendido nos bancos escolares e as descobertas em eventos como o Show Rural.
“Plantamos soja e queremos investir em drones que façam o mapeamento de doenças. Além de me tirar de horas de cima de um trator aplicando fungicida em toda a lavoura quando descobrimos um caso de ferrugem, teremos a possibilidade de aplicar somente nas plantas doentes com identificação rápida, segura e sem erros”, descreve.
“Preservamos o meio ambiente , produzimos cada vez com mais sustentabilidade, com menos insumos na terra e possível deriva e gastamos menos com as aplicações que antes eram em toda a área. São só ganhos”, descreve.