Ao contrário do Super-Homem, um ET fictício, o nadador Johnny Weissmuller representou Tarzan no cinema após conquistar cinco medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos, entre 1924 e 1928. Por isso foi, naturalmente, um ídolo e um modelo em todo o mundo.
É o que também deve ser o “Tarzan” do Oeste, o multiatleta Olício dos Santos Filho, que em 2023, aos 79 anos, conquistava pela décima vez o título de campeão mundial de levantamento de peso.
Residindo em várias cidades do Oeste paranaense, especialmente Assis Chateaubriand, Olício é por seu alto e prolongado desempenho esportivo um herói também em Foz do Iguaçu e Toledo, mas sua trajetória pública mais destacada foi no automobilismo, ao brilhar no Autódromo de Cascavel e prosseguir a carreira vitoriosa por outras praças esportivas.
No livro Cascavel em alta velocidade (https://x.gd/cZmQw), Olício é apresentado como campeão na Divisão1 Classe B da Fórmula Ford e “um dos maiores atletas de todos os tempos no mundo”.
Começando no judô, teve rápida ascensão no automobilismo ao se sagrar bicampeão brasileiro da Fórmula Ford Corcel II nos anos 1970, continuando a colecionar títulos nas décadas seguintes.
O pulo do gato
Olício, sendo dentista, usava as técnicas da profissão para melhorar suas chances no esporte, como usar a broca odontológica para trabalhar o carburador e pesar as peças em balança de precisão para escolher as mais leves para os carros.
José Luiz Nogueira, um de seus inúmeros amigos, disse que em geral os pilotos só corriam, deixando os detalhes técnicos, a preparação e os detalhes para técnicos e engenheiros, mas Olício controlava cada detalhe, da preparação à prova.
Os demais pilotos, equipes e engenheiros das fábricas não conseguiam entender como Olício dava estabilidade ao rebelde Ford Corcel. “Verificavam tudo e nada encontravam. Levavam as peças para a fábrica e o laudo apontava que tudo era original” (https://x.gd/JUk8c).
Ele contou ao jornalista Luiz Aparecido que preparava o braço da suspensão e, conforme a pista, abria um pouco a dobra da meia-lua. “Era quase imperceptível, mas dava um resultado enorme”.
Quando foi bicampeão não teve mais autorização para continuar competindo nessa modalidade. Só então ele contou ao engenheiro Hélio Perini, da Ford, os segredos de seu desempenho nas pistas. Quando a empresa lançou o Del Rey surgiu a lenda de que a boa estabilidade do carro se devia aos truques de Olício. Se foi, o piloto paranaense não recebeu créditos por isso.
Os irmãos presos
O fenômeno Olício nunca foi igualado, mas além dele a região Oeste forjou vencedores de altíssimo padrão em diversas modalidades. Não sem dificuldades e obstáculos, como ocorreu com o ciclismo.
No frio de 1º de junho de 1976, em Cascavel, quatro irmãos ciclistas treinavam na rodovia Cascavel–Toledo, como sempre faziam, quando foram abordados por agentes da Polícia Rodoviária Federal.
Benildo, Pacífico, Claudino e Itanilo Delai tiveram as bicicletas confiscadas e foram levados presos ao xadrez da Delegacia de Polícia, onde passaram frio e receberam um doloroso prêmio pela dedicação da família ao ciclismo. Os Delai tinham ainda outros dois irmãos que se dedicavam à modalidade: Dário e Cleonice.
Eram tempos de ditadura, mas ainda assim o episódio foi considerado uma injustiça. Joaquim Pedro dos Santos, presidente da Liga de Futebol Amador de Cascavel, aconselhou os irmãos Delai a criar uma Liga de Ciclismo para dar força organizada ao esporte.
Assim, em 4 de dezembro daquele mesmo ano um batalhão de ciclistas criava a Liga de Ciclismo de Cascavel. Logo, além, dos Irmãos Coragem (os Delai e seus associados) várias equipes de formaram.
Das competições que vieram a seguir destacou-se de imediato um fenômeno da modalidade: Renan Ferraro, que viria a se tornar o número 1 do país e o primeiro ciclista profissional brasileiro.
Celeiro de campeões
Destacar-se em mais de um esporte, como ocorreu com Olício dos Santos, é o complexo desafio enfrentado pelos triatletas, caso de Gustavo Wiebbeling, que recentemente voltou a colocar o Oeste do Paraná na berlinda, conquistando resultados excelentes no ciclismo, corrida e natação.
Triunfando em competições recentes do triátlon, não será surpresa a presença de Gustavo nas Olimpíadas de 2028, em Los Angeles (EUA), já que as competições até lá serão um preparo para chegar a esse objetivo.
Em Foz do Iguaçu, os esportes ligados à água sempre apresentaram bons resultados, como o desempenho de Ana Sátila na canoagem slalom, participando dos Jogos Olímpicos de Londres (2012) e Tóquio (2021), mas em Cascavel só após a formação do largo artificial a canoagem apresentou resultados acima da média.
Com Vagner Souta, por exemplo, canoísta que desde as conquistas de medalha de prata e de bronze nos Jogos Pan-Americanos de 2015 é sempre um destaque brasileiro. Também Ana Paula Vergutz, que depois do Mundial de Canoagem de Velocidade em Dartmouth (Canadá) em 2009 participou dos Jogos Pan-americanos de 2011 no México e 2015 no Canadá.
O futsal de Cascavel, masculino e feminino, é sempre muito competitivo. Poderoso fator de inclusão, o esporte se mostrou propício à revelação de atletas que de outra forma jamais teriam como ostentar títulos mundiais.
Cumprimentadas efusivamente com gestos em Libras, é o caso da goleira Waneza Wons, campeã do mundo em Futebol de Salão para Surdos na Suíça, em 2019, competição na qual Laelen Brizola foi a artilheira e eleita melhor jogadora.
Os segredos de Olício
Os resultados inigualáveis de Olício dos Santos são creditados pelo multiatleta à sua maior conquista: a capacidade de ganhar amigos. Os primeiros que fez no automobilismo, além de Gastão Weigert, com quem fez parceria em Cascavel, foram Delci Damian e Saul Caús.
Naturalmente, ter uma Deusa como esposa também fez muita diferença para Olício: ela e uma precisa cronometragem fora da pista exigiram dele o máximo desempenho até janeiro de 2021, quando ela morreu.
Ser meticuloso em tudo, mais que um segredo, foi uma obsessão, exemplificada pela decisão de viajar de Assis Chateaubriand até Porto Alegre e no trajeto visitar as revendas da Ford para escolher as peças mais leves.
“Como tudo tinha que ser original, colocando as mais leves, conseguia baixar peso no carro”, contou o jornalista Luiz Aparecido. Reduzindo um grama em cada parafuso das rodas e o menor peso de muitas outras peças do carro explicavam o sucesso técnico do obstinado piloto.
Um truque incomum era cortejar seus mais encarniçados inimigos nas pistas até torná-los parceiros de equipe, como aconteceu com Victor Steyer. “Mais tarde os dois formaram uma temida dupla no Campeonato Brasileiro de Marcas” (Luiz Aparecido).
Adotado como cascavelense
Ter sorte também ajudou, como em 1979, na primeira etapa do Campeonato Paranaense, no Autódromo de Cascavel, quando o afoito Olício rodou na frente do piloto Jefferson Fonseca, que para não bater nele saiu da pista, danificando o próprio carro.
A combinação dos vários segredos explica o sucesso de Olício dos Santos, dentre eles mudar de objetivo quando o anterior foi conquistado. Um resumo de sua carreira é não se limitar a vencer os outros, mas competir consigo mesmo, quebrando os próprios recordes.
Quando deu os primeiros passos no automobilismo ele se impôs a meta de fazer a melhor volta em todos os autódromos para sempre bater recordes. E quando já se pensava que ele era apenas história antiga, aos 76 anos declarou que sua carreira de piloto não estaria encerrada enquanto não fizesse a melhor volta em uma prova Cascavel de Ouro.
As amizades cultivadas por Olício em Cascavel também o fizeram ser considerado um piloto cascavelense. Quando a Prefeitura deu início às obras do atual Kartódromo Delci Damian, em 1992, Olício foi um dos pilotos homenageados festivamente como pioneiro do automobilismo local.
100 anos da revolução: “Completamente vencidos”
Em Santa Helena, em 14 de abril de 1925, o Comando da 1ª Divisão Revolucionária, constituída pelo agrupamento das colunas paulista e gaúcha, que ficaria conhecido, dentro de algum tempo, como Coluna Prestes, baixou o Boletim n° 1, pelo qual a informação chegaria aos revolucionários de outras regiões:
Com a concentração de um efetivo esmagador pelo número e emprego de quase todos os engenhos de guerra conhecidos, os asseclas do bernardismo, na data de 29 do mês findo, conseguiram secionar as forças da “Divisão S. Paulo”, atacando fortemente os elementos da 2ª Brigada e outras tropas que heroicamente defendiam Catanduvas.
Os elementos que nos restavam procuraram por todos os meios restabelecer a unidade da Divisão, mas, apesar de todos os esforços empregados, os nossos companheiros de Catanduvas, por absoluta impossibilidade de receberem recursos em munição, alimento e reforço, foram, mau grado o heroísmo com que se portaram, completamente vencidos pelo inimigo. Conseguiram escapar muito poucos desses abnegados revolucionários, contando-se entre eles o comandante daquela Brigada, sr. Tenente-coronel Newton Estillac Leal, seu chefe de E.M. sr capitão Filinto Muller, sr. Capitão Philogonio Antonio Teodoro com parte de sua companhia, sr. 1º tenente Deusdedit Loyola com parte de sua cavalaria e outros cujos nomes serão oportunamente publicados.
Comando da 1ª Divisão Revolucionária, Acantonamento em Santa Helena, 14 de abril de 1925

Fonte: Alceu Sperança