O Ministério Público do Paraná formalizou neste mês um acordo de cooperação técnica com a Procuradoria Nacional Antimáfia e Antiterrorismo da Itália para o compartilhamento de dados e informações, intercâmbio de experiências e capacitação com o objetivo de prevenir e reprimir organizações criminosas. 

O acordo foi costurado no evento “O desafio da criminalidade organizada transnacional – cenários europeus e latino-americanos de cooperação judicial internacional – encontros em memória de Giovanni Falcone e Paolo Borsellino”, em Palermo, na Itália.

Organizado pelo El Paccto 2.0 (programa de cooperação internacional financiado pela União Europeia que procura contribuir para a segurança e justiça na América Latina através do apoio à luta contra o crime organizado transnacional), o evento contou com o apoio do Programa Falcone Borsellino e a colaboração dos programas Copalad III e Itajust.

O procurador-geral de Justiça, Francisco Zanicotti, representou o Paraná no evento. Ele disse que a parceria é muito importante para o Brasil, considerando a posição geográfica estratégica e o fato de que a atuação das organizações criminosas é transnacional.

“A articulação entre os eixos de polícia, justiça e sistema penitenciário, aliada à harmonização legislativa e ao intercâmbio de inteligência estratégica entre América Latina e Europa, constitui um alicerce essencial para o enfrentamento qualificado e coordenado da criminalidade transnacional”, afirmou.

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Em sua apresentação, intitulada “O papel das organizações brasileiras na Tríplice Fronteira”, Zanicotti mostrou ainda como o Paraná está respondendo ao cenário complexo das organizações criminosas, especialmente por conta da posição estratégica na região da fronteira com dois países (Argentina e Paraguai). 

“Temos enfrentado de forma firme e coordenada as ameaças do crime organizado. Com o apoio das forças policiais — estaduais e federais — temos conseguido impor obstáculos significativos à atuação dessas organizações. Mas conter não é suficiente. Nosso objetivo não é apenas resistir, é avançar”, disse.

A iniciativa reuniu autoridades da Europa e da América Latina, com o objetivo de promover um diálogo operacional e estratégico sobre perspectivas de cooperação judiciária contra as dinâmicas do crime organizado transnacional, incluindo as práticas de acumulação ilícita de ativos e os fenômenos de corrupção estrutural associativa. 

As discussões em Palermo priorizaram três eixos: o conhecimento dos modelos estruturais e operacionais das organizações criminosas na Europa e na América Latina; a análise dos vínculos e processos de convergência entre organizações criminosas que controlam e operam no mercado global de drogas e seus financiadores ilícitos; e o intercâmbio de novas estratégias e técnicas investigativas.