O Sindicato dos Centros de Formação de Condutores do Estado do Paraná – SINDICFC/PR recebeu com extrema apreensão a proposta do Ministro dos
Transportes, Renan Filho, de acabar com a exigência de autoescola para a primeira Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
A proposta é um risco ainda maior para a segurança do trânsito brasileiro, cujo saldo anual é de mais de 30 mil mortes e outros 150 mil que ficam com sequelas graves. A autoescola não resolve o problema de comportamento de motoristas e motociclistas no trânsito. Mas acreditar que eliminando as aulas em função de custo vai se ter mais acesso ao documento e diminuir acidentes é fechar os olhos para a realidade.
“Décadas atrás era possível aprender a dirigir com um familiar, um amigo, e depois fazer o teste para obter a CNH. Mas o trânsito era complemente diferente do atual. Tínhamos uma frota muito menor e veículos com menos potência. Hoje o trânsito é intenso nas ruas, avenidas e estradas e os veículos são potentes e de alta tecnologia”, pondera o presidente do SINDICFC/PR, Justino Fonseca.
Para o presidente do SINDICFC/PR é fácil concluir que se com formação em autoescola ainda há muitos problemas, sem essa formação a tendência é de piorar ainda mais. “O aluno que faz autoescola recebe orientações corretas, seguras e é treinado por profissionais capacitados.”
O motivo alegado pelo ministro de que o preço para a primeira CNH é muito alto também não se sustenta, segundo Justino Fonseca. “O que um CFC cobra é o preço justo e correto. Se o governo quiser reduzir esse encargo ao cidadão, vamos encontrar outros caminhos, a começar pelas taxas públicas que são cobradas, às quais são repassadas diretamente pelos Centros de Formação.”
Outra grave consequência apontada por Justino Fonseca é o risco de desemprego para 10.500 pessoas que hoje trabalham nas autoescolas do Paraná. “Num momento em que a economia brasileira vive um gigantesco desafio no comércio internacional, o governo vem com outra proposta que pode tirar mais gente do mercado de trabalho. Essa é uma consequência social grave e que não se justifica.”
O presidente do SINDICFC/PR alerta que aprovar uma medida populista como esta não vai resolver a dificuldade financeira de pessoas que não têm recursos para fazer a CNH e precisam trabalhar. “Pelo contrário, a tendência é de mais pessoas com CNH, mas dirigindo e pilotando muito mal.”
Justino Fonseca finaliza dizendo que “já temos a CNH Social, que melhorou o acesso a quem tem dificuldades financeiras. Podemos seguir conversando para encontrar outras soluções e baratear esse custo, mas jamais abrir mão do ensino e do conhecimento para uma atividade que é de alto risco e exige aprendizado e formação de qualidade”.