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Voepass: um ano à espera de justiça

“Dentro da medida da culpabilidade, essas pessoas precisam ser responsabilizadas.”, diz advogado
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Por: Tissiane Merlak

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Voepass: um ano à espera de justiça

“Dentro da medida da culpabilidade, essas pessoas precisam ser responsabilizadas.”, diz advogado

No dia 9 deste mês, familiares das vítimas do acidente com o Voo 2283 da Voepass se reuniram para inaugurar um memorial em homenagem aos 62 passageiros e tripulantes que morreram no acidente aéreo. O ATR 72-500 partiu de Cascavel às 11h58 de 9 de agosto de 2024, com destino ao Aeroporto Internacional de Guarulhos e às 13h22, caiu em Vinhedo, sem sobreviventes. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) avaliou que a aeronave entrou em uma área com condições propícias à formação de gelo severo. A investigação já analisou gravadores de voo, simuladores, componentes recuperados, dados meteorológicos e mais de 15 mil voos da frota da empresa. Também foram realizadas entrevistas com profissionais ligados à operação e manutenção da aeronave.

O processo agora está na fase de integração dos dados, com participação de especialistas em operação, fatores humanos e engenharia. Não há prazo definido para a divulgação do relatório final. A Voepass afirmou que o acidente foi “o episódio mais difícil” de sua história e reiterou solidariedade às famílias. A empresa informou que avançou no pagamento das indenizações, mantém suporte psicológico e apoia as homenagens promovidas ao longo do último ano. Porém, na tentativa de agilizar soluções ao caso, a associação de vítimas da queda contratou o advogado cascavelense Luciano Katarinhuk como assistente de acusação. Ele tem acompanhado de perto as investigações.

Preto no Branco: Doutor, qual é seu papel na investigação/processo?
Luciano Katarinhuk: Primeiramente nós fomos contratados por essa associação das famílias das vítimas da Voepass para atuarmos como assistente de acusação. O assistente de acusação é um advogado que atua ao lado do Ministério Público para reforçar a acusação contra o réu em um processo criminal, representando diretamente os interesses de vítimas ou de seus familiares.

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Preto no Branco: E como está o andamento do inquérito neste momento?
Luciano Katarinhuk: Estamos ingressando no processo com um eventual processo criminal, nós seremos os olhos, os ouvidos e a boca das famílias que esperam há um ano por respostas e justiça.

Perto no Branco: e como está a busca por responsabilização criminal?
Luciano Katarinhuk: As famílias buscam na questão da assistência de acusação a responsabilidade criminal de quem, por omissão ou por ação mesmo, permitiu que esse avião, essa aeronave estivesse no ar voando mesmo não estando em condições. Muitas vezes as pessoas falam: como estão as indenizações. Não existe um preço para uma vida, não existe um valor para uma vida. Isso é uma questão de consequência cível.

Preto no Branco: E quais os procedimentos que estão sendo adotados no momento?
Luciano Katarinhuk: Agora se busca a responsabilização criminal das pessoas que permitiram isso, órgãos de fiscalização que deveriam ter fiscalizado e não fiscalizaram, pessoas que porventura precisavam ter tomado uma ação e não tomaram. Dentro da medida da culpabilidade, essas pessoas precisam ser responsabilizadas.

Preto no Branco: O senhor se reuniu com a Polícia Federal em Campinas, que conduz o inquérito. O que lhe foi dito?

Luciano Katarinhuk: Tivemos uma reunião com os membros da associação inclusive das vítimas da Voepass junto com o delegado da Polícia Federal em Campinas, Ele nos atendeu muito bem e nos deu indícios que o inquérito está para ser concluído, mas não pode nos dar detalhes. Tivemos um evento dia 9 que lembrou um ano dessa passagem, dessa tragédia, mas o caso não será esquecido e as famílias querem que os culpados sejam responsabilizados.

Preto e o Branco: e o que há de concreto nos procedimentos investigatórios e o que vocês têm solicitado?

Luciano Katarinhuk: Uma das coisas que nós temos cobrado é o indiciamento e a localização, identificação dos responsáveis. Nós tivemos boas notícias, a Polícia Federal está trabalhando e uma das coisas que o delegado deixou muito claro para nós é que esse desastre não vai passar desapercebido, não vai ser como aconteceu anteriormente. Nós vamos identificar, vamos ter a identificação dos responsáveis.

Preto no Branco: A dor das famílias é imensa e certamente jamais vai passar. Mas o que as famílias esperam de fato a partir de agora?

Luciano Katarinhuk: As famílias esperam três coisas. Primeiro que os responsáveis sejam identificados, que os responsáveis sejam denunciados e punidos e que isso nunca mais aconteça na aviação brasileira. E a gente espera que isso aconteça o mais rápido possível porque esse é um desejo. Isso não é ansiedade das famílias isso é angústia. Angústia de saber que até agora não tivemos um desfecho, mas que quando tivermos o desfecho, essa é a promessa da Polícia Federal, nós vamos ter a identificação e a punição dos responsáveis. Isso não é vingança isso é justiça.

Preto no Branco: Um ano depois do início das investigações, como o senhor analisa o andamento do processo na PF?

Luciano Katarinhuk: Foi uma conversava muito produtiva, mas não com detalhes. O delegado trouxe o andamento do feito, mas sem dizer ou dar acesso ao que foi feito, deixando no ar que está quase finalizado. Estamos confiantes que a justiça possa enfim ser feita por essas famílias que sofrem há um ano pelas 62 perdas trágicas.

Preto no Branco: A PF demonstrou complexidade nas investigações. O senhor sentiu isso?

Luciano Katarinhuk: A Polícia Federal gostaria de ter dado essa resposta há menos tempo. Sim, com certeza. Mas a complexidade do caso e as consequências do que for colocado nesse inquérito policial de apontar culpados, é grave. Então, a PF entende que precisa fazer de forma criteriosa.

Preto no Branco: A PF declarou que é muito importante, quando trabalha com acidentes aeronáuticos, entender que um acidente não tem uma causa só, é um conjunto de fatores. Isso poderia justificar a demorar?

Luciano Katarinhuk: São vários fatores que juntos levam até o acidente. Sabemos que a PF ouviu mecânicos, pilotos e comissários e analisou dados da caixa-preta. Tudo está sendo apurado.

Preto no Branco: isso significa que todas as pessoas que estejam direta ou indiretamente relacionadas com aquele resultado serão chamadas a apresentarem sua versão ?

Luciano Katarinhuk: Sim e poderão, sim, ser responsabilizadas. As famílias clamam por justiça, mais uma vez, não é vingança, mas justiça, apenas justiça por uma tragédia que não pode mais voltar a acontecer.

Preto no Branco: Neste momento, quais são as expectativas das famílias?

Luciano Katarinhuk: A expectativa é que os responsáveis sejam identificados e punidos. Temos cobrado o indiciamento, a localização e a identificação dos responsáveis.

Preto no Branco: Isso trará um pouco de paz às famílias?

Luciano Katarinhuk: As famílias esperam que os responsáveis sejam denunciados e punidos e que isso nunca mais aconteça na aviação brasileira. A gente espera que essa resposta venha o mais rápido possível. Isso não é ansiedade das famílias, mais uma vez, isso é angústia. Angústia de saber que até agora não tivemos um desfecho.

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