Jadir Zimmermann*
Curioso que sou, nesta segunda-feira (7) prestigiei a primeira sessão na nova Câmara Municipal de Marechal Cândido Rondon, e a imponência do edifício é inegável. Finalmente o município tem um edifício à altura e merecimento do Poder Legislativo e, privilegiadamente localizado ao lado da sede do Poder Executivo, no coração da cidade.
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Ao mesmo tempo em que, maravilhado, contemplei a nova Câmara e sua bela estrutura, me causou certa decepção e inquietude uma matéria votada na mesma sessão. Me refiro à proposta de implantação de uma “Rua Coberta”, apresentada pela bancada de situação.
A crítica não é sobre se a “Rua Coberta” é uma ideia válida – de fato, um espaço que permite atividades culturais, de lazer e feiras é inegavelmente valioso. O cerne da questão é: “Estamos escolhendo o local certo?”

O grito silencioso da arquitetura
A proposta de instalar a “Rua Coberta” na Rua Tiradentes entre a Câmara e a Prefeitura traz o risco de ofuscar a bela fachada da recém-inaugurada Câmara Municipal. A fachada, que se destaca como uma das mais belas estruturas arquitetônicas da cidade, tornou-se ainda mais marcante após sua recente remodelação. Encobri-la seria uma perda simbólica para Marechal Cândido Rondon.
Este edifício, que por muitos anos foi o Fórum da Comarca, com sua arquitetura distinta, é mais do que um simples prédio. Representa a identidade e o orgulho da cidade. Esconder tal beleza é, no mínimo, uma decisão insensata.

Repetindo erros do passado
O velho ditado diz que aqueles que ignoram a história estão condenados a repeti-la. No entanto, parece que em Marechal Cândido Rondon, as lições do passado estão sendo descaradamente ignoradas.
Não precisamos voltar muito no tempo para vermos os erros cometidos na gestão do espaço público. Em 2010, testemunhamos a instalação precipitada da Clínica da Mulher e da Criança na Praça Willy Barth, um local originalmente designado para o lazer. A decisão, na época, causou alvoroço, com cidadãos unindo-se em um protesto emblemático: um “abraço à praça“.
Mesmo assim, o clamor popular foi ignorado e a clínica foi construída ali no meio. Agora, a cidade está no processo de corrigir esse erro com a revitalização da praça, removendo a clínica. Mas a que custo? Quanto tempo, dinheiro e energia foram gastos?
E agora, nos deparamos com a proposta da “Rua Coberta” na Rua Tiradentes. Em vez de aprender com os erros passados e considerar locais alternativos, como a antiga “Rua do Lazer” – que poderia harmonizar-se perfeitamente com a praça remodelada -, a cidade parece determinada a cometer outro erro estético.
Ainda dá tempo
As cidades são um reflexo das decisões tomadas por seus líderes e cidadãos. É urgente que Marechal Cândido Rondon reflita profundamente sobre suas decisões de planejamento urbano. Estamos à beira de sacrificar a estética e a funcionalidade de nosso espaço público em nome de projetos que parecem não ter considerado todas as opções disponíveis. Mas, ainda dá tempo de mudar. É hora de aprender com nossos erros, e não de repeti-los.
*Jadir Zimmermann é jornalista, articulista político e diretor de conteúdo do Preto no Branco.
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