20°C 29°C
Cascavel, PR
Publicidade

Doutor Hippi recebe título de Cidadão Honorário de Marechal Cândido Rondon

Homenagem destacou os 50 anos de dedicação de Doutor Hippi à saúde e à comunidade.

30/10/2025 às 09h56
Por: Jadir Zimmermann
Compartilhe:
Registro da entrega da honraria | Foto: Cristiano Viteck
Registro da entrega da honraria | Foto: Cristiano Viteck

Na noite desta quarta-feira (29), o médico Dietrich Rupprecht Seyboth, conhecido popularmente como Doutor Hippi, foi homenageado com o título de Cidadão Honorário de Marechal Cândido Rondon. A cerimônia, organizada pelo Poder Legislativo, aconteceu no auditório da Acimacar e reuniu familiares, amigos e lideranças da comunidade.

Continua após a publicidade
Anúncio

O Poder Executivo foi representado pelo secretário municipal de Administração, Valmir Monteiro. Também integraram a frente de honra os ex-prefeitos Marcio Rauber e Dieter Seyboth, este, irmão do homenageado.

A honraria foi concedida por meio do Projeto de Decreto-Legislativo 3/2023, de autoria dos vereadores João Eduardo dos Santos (Juca) e Arion Nasihgil, como reconhecimento pelos relevantes serviços prestados à comunidade ao longo de cinco décadas de atuação médica.

Continua após a publicidade

Discursos e reconhecimento

Durante a solenidade, os vereadores Arion Nasihgil, Juca e o presidente da Câmara, Valdir Sachser (Valdirzinho), destacaram o legado profissional e o compromisso social do Doutor Hippi. Segundo eles, sua trajetória simboliza o espírito empreendedor e a dedicação da família Seyboth desde os primórdios da colonização de Marechal Cândido Rondon e do Oeste do Paraná.

O discurso do homenageado foi lido por sua filha, Ana Carolina Seyboth, que transmitiu mensagens de gratidão e incentivo à juventude rondonense (veja na íntegra mais abaixo) “Estudem. Encontrem uma causa. Cuidem das instituições. A cidade precisa de vocês”, afirmou o médico, que completou 80 anos nesta semana.

Trajetória e legado

Nascido na Alemanha, em 1945, Doutor Hippi chegou à então Vila General Rondon em 1952, acompanhando os pais Friedrich e Ingrun Seyboth, pioneiros que fundaram o primeiro hospital da região — hoje o Hospital e Maternidade Filadélfia.

Formado em Medicina pela USP em 1972, com especializações em Anestesiologia, Emergência Médica e Gestão de Bancos de Sangue, retornou a Marechal Cândido Rondon em 1974. Atuou como médico generalista e anestesiologista, atendendo milhares de pacientes e contribuindo para o avanço da saúde local.

Também foi sócio-administrador dos hospitais Marechal Cândido Rondon e Filadélfia, além de integrar o quadro societário de outras empresas da área médica. Recentemente, recebeu o Prêmio de Mérito Ético Profissional do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR).

Membro mais antigo do Lions Club Marechal Cândido Rondon, Doutor Hippi é reconhecido pelo envolvimento em ações sociais e comunitárias. É casado com Maria Carolina Rossi Hildebrand Seyboth, pai de quatro filhos e avô de sete netos.

ÍNTEGRA DO DISCURSO DO HOMENAGEADO, LIDO PELA FILHA ANA CAROLINA SEYBOTH

"Hoje é um dia especial. Não apenas pelo ato em si, não apenas pelo protocolo, mas pelo sentido que ele carrega. Estamos aqui para reconhecer uma vida que se entrelaça com a história desta cidade.

Eu fiquei incumbida de fazer a leitura do discurso do meu pai para vocês. Então, agora, vou abrir as aspas e iniciar o relato de uma visão de vida!

“Tenho oitenta anos — completados ontem. É quando a gente percebe que já tem mais passado do que futuro, mais lembranças do que expectativas, e que é hora de agradecer.

Minha história começa longe daqui. Nascido na Alemanha, em 28 de outubro de 1945, num país ainda em ruínas da guerra. A minha vida recomeçou muitas vezes, até que, em 27 de dezembro de 1953, eu cheguei menino à então Vila General Rondon.

Não cheguei a uma cidade pronta — cheguei a um projeto. Tudo estava por fazer. Aqui, os pioneiros abriram picadas, ergueram casas, ergueram instituições, plantaram futuro.

Foi nesse ambiente — mais próximo do passado do que do futuro — que aprendi o valor de cada passo, de cada mão dada, de cada noite virada para que o dia seguinte existisse.

Ainda criança, parti para o Internato Concórdia, em Porto Alegre. Foram anos duros. Sem telefone, sem correio, as comunicações por radioamadores e visitas para a família apenas nas férias, vindo em pequenos aviões que pousavam no interior do Paraná. Éramos sete meninos — a Turma do Paraná: Eu, o Dieter Seyboth, o Matias Seyboth, o Vitor Hugo Borgmann, o Walmor Nied, o João Pedro Hoffmaeister e o George Niederauer. Criamos uma fraternidade que me sustenta até hoje.

Depois, São Paulo. O choque de uma cidade enorme. A solidariedade fraterna para superar saudades, inseguranças, a carência de recursos e a pressão das mudanças. Dois anos de cursinho. E a aprovação para a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP.

No último ano da faculdade, fui atingido, em cheio, por um raio: conheci a Carolina. Uma mocinha linda que viria a marcar toda a minha vida. Ela aceitou, com generosidade que nunca esquecerei, vir comigo para um lugar sem asfalto, sem telefone, sem as facilidades de uma capital. Deu-me quatro filhos maravilhosos.

Voltei a Marechal Cândido Rondon em 1974. Voltei não por falta de opções. Voltei porque aqui estavam os meus. Porque aqui estava a minha cidade.

Aqui exerci a medicina — na clínica geral e na anestesiologia — e aqui vivi a dimensão mais bonita desta vocação: a de cuidar de pessoas. Não tratei casos; tratei gente. Gente com nome, história e família. Aprendi a ouvir. Aprendi a olhar nos olhos.

E estudei. Sempre estudei. Carreguei comigo, durante toda minha carreira, que a técnica precisa acompanhar o afeto. Trabalhei ao lado de colegas queridos, vários presentes aqui nesta noite — gente que acreditou que o interior pode ser referência. Obrigada por tanto tempo juntos!

Vivemos tempos duros na saúde, com crises, reestruturações, e decisões que exigiram criatividade e coragem. Foi quando introduzimos uma inovação trazida pelo Dieter. A ideia do convênio de assistência médica do Hospital Filadélfia - que virou Sempre Vida, e que, por décadas, sustentou operações, investimentos e incorporou outros serviços de saúde da cidade. Se algo aprendi na gestão em saúde é que instituições sólidas protegem a comunidade.

Também vivi o associativismo. No Lions, onde tenho a alegria de ser o membro mais antigo, aprendi que cidadania é constância — não espetáculo. Que organizar pessoas é mais forte do que agir sozinho.

Hoje, ao receber o Título de Cidadão Honorário, volto ao menino que aqui chegou. Volto aos meus pais — Dr. Seyboth e D. Ingrun — que ajudaram a erguer o primeiro hospital do Oeste do Paraná. Volto aos amigos de internato, aos colegas de universidade, aos companheiros de plantão, a cada paciente que confiou em mim.

Agradeço à Câmara Municipal pelo gesto que me emociona e me responsabiliza. Agradeço aos autores da proposição, Juca e Arion, pela deferência. Agradeço aos colegas médicos, às equipes de enfermagem que estiveram ao meu lado, aos profissionais de apoio que nunca deixaram a peteca cair quando o plantão apertava e a cidade precisava de nós.

Agradeço aos meus filhos — Ana Carolina, Ricardo, Ana Cecilia e Eduardo — e aos meus netos que chegaram para ensinar que o futuro tem o rosto das crianças. Agradeço, sobretudo, a Carolina — que organizou a vida, acolheu as ausências, e transformou cada dificuldade em horizonte. Você é o amor da minha vida!

Se me permitem uma palavra aos mais jovens: estudem. Encontrem uma causa. Cuidem das instituições. A cidade precisa de vocês — sempre. E, quando a vida exigir uma decisão difícil, lembrem: o interior do Brasil também é lugar de excelência, de ciência, de oportunidades e de humanidade.

Encerrando, digo com serenidade: não há honraria maior para um imigrante do que ser abraçado pela cidade que escolheu. Marechal Cândido Rondon não é apenas o lugar onde morei. É a cidade que me construiu — e que eu pude, com tantos, ajudar a construir. Recebo este título como quem recebe um abraço. Da cidade para mim. E de mim para a cidade. Muito obrigado.”

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
Marechal Cândido Rondon - PR
Sobre o município
Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná, tem cerca de 60 mil habitantes. Cidade agrícola, polo educacional e cultural, destaca-se pela colonização germânica e forte produção de grãos e proteína animal.
Ver notícias
Cascavel, PR
25°
Tempo limpo

Mín. 20° Máx. 29°

25° Sensação
2.06km/h Vento
69% Umidade
100% (5.44mm) Chance de chuva
05h43 Nascer do sol
19h24 Pôr do sol
Sex 29° 19°
Sáb 30° 20°
Dom 30° 20°
Seg 26° 19°
Ter 25° 19°
Atualizado às 22h01
Publicidade
Publicidade
Economia
Dólar
R$ 5,52 +0,00%
Euro
R$ 6,50 +0,00%
Peso Argentino
R$ 0,00 +0,00%
Bitcoin
R$ 510,079,04 -0,75%
Ibovespa
160,455,83 pts 1.46%
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Lenium - Criar site de notícias