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Cascavel, PR
Pouca gente o conhece por Levino Vaz, mas todos no esporte sabem quem é o Cafu, um dos maiores nomes da história do futsal em Cascavel.
Nascido em Goioerê e criado em Palotina, chegou à Cascavel no fim dos anos 1960. Foi aqui que começou a trilhar sua trajetória como atleta, dividindo-se entre o futebol de campo e o futsal. “Em 74, 75 nós começamos a jogar em Cascavel. Em 79 veio o primeiro título nos Jogos Abertos por Cascavel, em Toledo. No mesmo período conquistamos o Paranaense pelo Derac”, recorda Cafu, que vestiu camisas importantes do futsal, atuando por Cascavel, Foz do Iguaçu, Porto Alegre e até no Paraguai. Jogava também no campo, mas foi nas quadras que se destacou, mesmo quando o esporte não oferecia retorno financeiro. “Em Cascavel nunca ganhei nada para jogar. Era por amor à camisa”, relembra.
O fim da carreira como jogador veio no início dos anos 1990, quando decidiu se dedicar à família e ao trabalho. Mas o futsal não saiu de sua vida. Em 1993, aceitou o desafio de reerguer o esporte em Cascavel, então em crise. “Quando cheguei, o futsal estava muito fraco. Começamos no Tuiuti com o Pedrinho Mufato, depois fomos fortalecendo a seleção de Cascavel. Aos poucos o futsal da cidade foi subindo degrau por degrau”, afirma. Como treinador, Cafu passou por equipes como Toledo, Comercial, Umuarama, pelo Juventude e pela ACF (Associação Cascavelense de Futsal), que chegou a disputar a Chave Ouro.
Entre as maiores contribuições de Cafu está a formação da base que deu origem ao Cascavel Futsal, hoje uma das equipes mais fortes do país. “Minha maior felicidade foi ter ajudado a implantar a Chave Ouro no Paraná, em 95, inspirada no modelo do Rio Grande do Sul. Assim, os atletas passaram a ter calendário o ano inteiro, com mais profissionalismo”, destaca. Ele também foi um dos que insistiram para que Cascavel tivesse uma equipe forte, capaz de disputar finais e trazer grandes jogos para a cidade. “Minha briga era que não precisássemos viajar a Pato Branco, Foz ou Toledo para ver jogos de alto nível. Hoje temos isso aqui em Cascavel e me sinto feliz por ter dado minha contribuição”, diz.
Apesar de tantas conquistas, Cafu admite que o reconhecimento local nunca foi proporcional à sua entrega. “A decepção é a não valorização por ser de Cascavel. O santo de casa não faz milagre. Muitas vezes ofereciam uma mixaria para eu treinar, enquanto traziam técnicos de fora por 20, 30 mil reais. Isso entristece”, desabafa. Mesmo assim, não perdeu o amor pelo futsal. “A bola me deu tudo o que eu tenho. Uma família maravilhosa, minha empresa, amigos. Sou muito grato por isso”, afirma emocionado.
Hoje, Cafu leva uma vida mais tranquila. Caminha pela manhã, dedica-se à empresa e aos fins de semana não perde os jogos do Cascavel Futsal. Também acompanha a trajetória do filho Lucas, que segue os passos no esporte como treinador e preparador físico. “Talvez meu sonho ainda fosse treinar o Cascavel um dia, mas sendo valorizado como os outros. Fora daqui, não vou mais. Minha vida é em Cascavel, com minha família”, concluiu.
Aos olhos da torcida, Levino Vaz pode até ser pouco lembrado pelo nome de batismo, mas o Cafu jamais será esquecido. Sua história se mistura com a própria evolução do futsal cascavelense — uma lenda viva que, entre mágoas e conquistas, mantém acesa a paixão por um esporte que ajudou a transformar em referência nacional.
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