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Todo mundo diz que não existe “receita de bolo” para produzir conteúdos na internet. Esse é o gosto da liberdade, porque não é preciso saber fazer bolo: você pode criar seu próprio prato, seja doce, salgado ou agridoce.
Depois de publicar mais de 100 artigos nesta coluna, aprendi que produzir textos vai muito além de externar opiniões. É preciso iniciar pelos inputs: consumir livros, artigos e notícias para nutrir nosso repertório.
Quando pegamos gosto pela culinária da escrita, nossas vivências passam a ser armazenadas na geladeira das ideias para artigos.
Nas prateleiras, elas dividem lugar com pensamentos de grandes autores, frases de efeito, filmes, músicas e obras literárias.
Quando está na hora da produção, é necessário aquecer o forno das abstrações, ativar o dourador de memórias e selecionar os ingredientes para compor a receita inédita do novo artigo a ser redigido.
Um workshop, uma experiência de compra, uma viagem de férias e até mesmo um suco de melancia que era de morango, já viraram temas para esta coluna.
A melhor parte desta gastronomia é quando conseguimos o blend perfeito: empanar conceitos ou teorias com cases reais do nosso dia a dia. O resultado são camadas repletas de significado para o leitor.
Se você tem vontade de escrever, não espere estar pronto(a) para começar. Quem é bom de garfo também pode colocar a mão na massa.
Na culinária ou na vida, quanto mais praticamos melhor conseguimos acertar o ponto da calda.
Quando encontrar um assunto do seu interesse, descasque para saber mais, particione em cubos e reserve os principais insights, pois esse poderá ser o tema do seu próximo artigo.
Tempere com suas ideias, salpique citações de outros autores e deixe marinar por 24 horas.
Nessa fase, eu costumo rever termos visando clarificar conceitos, acrescentar uma xícara de bom senso ou adicionar um pouco mais de molho.
Releia o seu texto no dia seguinte, acerte o sal, decore com um título atraente e sirva.
Depois que você publica o texto, ele passa a ser alimento alheio.
Degustado na hora, na velocidade e de acordo com a fome do consumidor.
Ele saliva diante do prato, bebe um gole de tempo e decide provar o seu talento.
Consome seu texto em colheradas para apreciar melhor.
Acontece aqui a mágica da interpretação, quando palavras se multiplicam em significados, a partir dos conteúdos contidos na memória gustativa do leitor.
Frases cadenciadas se entrelaçam com as histórias de vida e opiniões prévias dele, ávido por narrativas, que se refestela na abundância criativa.
Agradar não se impõe como regra, pois sempre haverá quem prefere sem açúcar, quem não gosta de quiabo, quem é intolerante a lactose.
O segredo é compreender que cada qual tem o seu paladar e aprecia o mundo a partir do seu próprio gosto e de como conecta sabores a experiências racionais e afetivas.
É permitir ignorar, saborear ou atribuir significado sequer cogitado. É compreender que um artigo é como um fruto que nasce não para cevar a árvore, mas para alimentar outrem.
Sucesso a todos!
Carina Walker
02/09/2025
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